A transnacional processadora de atum Seatech produz a marca
Van Camp’s. Em sua fábrica em Cartagena, mantém centenas de
trabalhadores submetidos a um regime de quase
escravidão. Agora, voltou a demitir as 14 operárias com LER,
que tinham sido reintegradas por ordem judicial, e dois
integrantes da Junta Diretora da União Sindical dos
Trabalhadores da Indústria Alimentar (USTRIAL). O Sirel
conversou sobre isso com Pedro Londoño, presidente do
Sindicato.
-Como ocorreram estas demissões?
-A empresa tinha planejado suspender as atividade nos dias
18 e 19 de julho passados, para realizar a manutenção da
fábrica, aproveitando que aqui é feriado no dia 20 de julho.
Ontem, quinta-feira 21, quando voltavam ao trabalho,
impediram a entrada de Josefina Paternina, integrante da
atual Junta Diretora da USTRAL, e de Marelvis Leones, membro
da Comissão de Queixas e Reclamações do Sindicato.
Também foram mandadas de volta para casa outras 14
companheiras, que haviam sido reintegradas aos seus postos
de trabalho por ordem judicial,
após terem sido demitidas ilegalmente por sofrerem de lesões
osteomusculares causadas por esforços repetitivos durante o
trabalho. Nós
qualificamos isto como demissão em massa.
- O que foi feito então?
-As companheiras imediatamente se dirigiram para a sede da
empresa terceirizadora A Tiempo Servicios Ltda.,
onde seu gerente,
Hernán Tadeo Vélez,
recusou-se a recebê-las e chamou a polícia para que
desocupassem seus escritórios.
Obviamente, a polícia respondeu que o que havia ali eram
problemas de trabalho e que ela não tinha por que intervir.
Agora, é mais necessário do que nunca dar início
à campanha internacional de denúncia contra a
Seatech, conforme palavras do nosso secretário
regional Gerardo Iglesias. |
Casualmente, nesta segunda-feira 18, um inspetor do
Ministério da Previdência Social foi à empresa para
completar um trâmite administrativo, e pôde registrar que a
fábrica estava fechada sem a necessária permissão prévia,
nos permitindo argumentar que, nestas condições, todos os
seus atos são ilegais.
-Como estão articulando as ações imediatas?
-Nós já começamos a denunciar esta situação ao
vice-presidente da República, Angelino Garzón, que se
comprometeu a defender os nossos direitos sindicais, mas na
prática ainda não conseguimos avançar.
-Por quê?
-Porque, há mais de um mês, estamos esperando uma reunião
com a vice-presidencia e com um alto funcionário do
Ministério do Trabalho que, supostamente, viria até aqui,
mas a reunião foi adiada duas vezes. Assim, as promessas
permanecem apenas no papel e não há nada de concreto.
-Por que as reuniões foram adiadas?
-O que sabemos é que,
no último sábado, o Dr. Oscar Gutiérrez, secretário
particular do vice-presidente Angelino Garzón e organizador
desta reunião, ligou para nos dizer que sentia muito ter de
informar que a reunião com o funcionário do Ministério do
Trabalho, de sobrenome Villazán, tinha que ser postergada
porque não haviam lhe entregado nem as diárias nem as
passagens aéreas para viajar a Cartagena.
Gutierrez disse ainda que todas as denúncias que lhe
enviamos foram encaminhadas para os departamentos
correspondentes, isto é, para o Ministério Público e
Procuradoria, entre outros. O que é outro sinal de que,
nestas entidades, as denúncias recebidas dos trabalhadores
são arquivadas sem que se dê prosseguimento a elas. Não
estão interessados na saúde ou na vida dos trabalhadores,
não se importam que, no nosso caso, sejam trabalhadoras
doentes e que tenham sido condenadas pela empresa a uma
situação de morte, porquê: O que pode fazer uma pessoa com
LER depois de ser demitida dessa forma…? Aonde irá
trabalhar?
-São demissões completamente abusivas e ilegais...
-A empresa se defende dizendo que nós somos apenas os
contratantes, mas é a
Seatech
que decide quem entra e quem não. Eles estão burlando a lei
em matéria de contratação, porque a maioria dos
trabalhadores vem sendo terceirizada há anos. E isto é feito
para esconder a verdadeira relação de trabalho.
Há também perseguição antissindical, porque eles sempre
estão procurando oportunidades para demitir os filiados ao
Sindicato.
Agora, é mais necessário do que nunca dar início à campanha
internacional de denúncia contra a Seatech, conforme
palavras do nosso secretário regional Gerardo Iglesias,
já que, além destas demissões, a empresa continua mantendo
uma atitude prepotente, pois já apresentamos a nossa Lista
de Reivindicações em 1 de fevereiro passado e, até hoje, não
sentamos para negociar.
-Que outras ações vocês estão pensando em executar?
-Hoje, a nossa Junta Diretora tem uma reunião urgente, e
nela resolveremos como continuar neste conflito.
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