O Sindicato Nacional de Trabalhadores da
Engarrafadora
Latino-Americana
(SINATREL) e a Corporação José R. Lindley
SA assinaram, no dia 7 de agosto
passado, o Convênio Coletivo de Trabalho
2009-2011 que, pela primeira vez no
Peru, dá aos trabalhadores de uma
empresa privada a licença paternidade
com direito a remuneração. Também foram
estabelecidos outros benefícios e
direitos, o que constitui em um
implícito reconhecimento à contribuição
dos operários e empregados para o êxito
da principal empresa peruana fabricante
e engarrafadora de águas, néctares e
bebidas gaseificadas, entre elas a
Coca-Cola.
Percy Díaz Rodríguez |
Julio Falla |
O SINATREL é o primeiro sindicato
peruano que obtém a licença paternidade,
conforme estabelece o ponto Nº 8 do Convênio
Coletivo de Trabalho 2009-2011 pelo qual a
empresa se compromete a “conceder dois dias
remunerados pelo nascimento de seus filhos",
acordo que contribuirá para fortalecer os
laços familiares dos trabalhadores da
Corporação José R. Lindley SA.
No Convênio também ficou estabelecido um
aumento salarial de 56,3 dólares mensais,
que passará a ser pago no período de abril
de 2009 a abril de 2010; no período seguinte
–de 2010 a 2011– o aumento será de 61,4
dólares. Além disso, será implementado um
bônus, por desempenho de metas e resultados,
equivalente a 20 por cento da remuneração
básica; ainda será dada aos trabalhadores,
sujeitas à negociação coletiva, uma
bonificação familiar de 18,7 dólares
mensais, uma bonificação por estudos para o
trabalhador que tiver filhos com idade entre
3 e 25 anos, entre outros benefícios.
Por outro lado, a empresa se compromete a
doar 15 mil dólares “para serem utilizados
na compra de um terreno para ser a sede do
sindicato”, para o qual o SINATREL
deverá obter personalidade jurídica e se
inscrever no Registro de Instituições
Receptoras de Doações, gestão que já está
sendo feita pelos dirigentes sindicais.
Uma antiga reivindicação
“Conseguimos assinar um bom Convênio e temos
que reconhecer a vontade da empresa em
chegar a um entendimento. De alguma forma,
acredito que se tentou compensar o esforço
dos seus trabalhadores. A empresa
praticamente está sozinha no mercado de
bebidas gasosas, é rentável, suas vendas
este ano estão crescendo em uma média de 10
por cento, e acredito que isso também
influencia”, afirmou ao Sirel,
Percy Díaz Rodríguez, secretário geral
do SINATREL.
A licença paternidade era uma “reivindicação
antiga e de muitos trabalhadores, porque
quando o trabalhador vivenciava essa data
tão importante, como é o nascimento de uma
filha ou filho, tinha que pedir autorização
para se ausentar e pagar as horas que havia
faltado. Era um grande problema porque, a
longo prazo, o trabalhador tinha menos tempo
para estar junto à família”, explicou.
Para premiar a responsabilidade dos filiados
ao SINATREL, incorporaram o “bônus
por pontualidade”, o mesmo que foi aprovado
na negociação: “É uma forma de promover a
responsabilidade dos trabalhadores e mudar a
mentalidade; outro benefício é o bônus para
os filhos mais estudiosos, pois dessa
maneira incentivamos e reconhecemos o
esforço”, acrescentou.
O trabalho dos dirigentes dos órgãos
internos do Sindicato também foi reconhecido
neste Convênio Coletivo e eles irão dispor
de licença sindical, como afirmou Díaz.
“Dos 350 dias de licença sindical que temos
e que podemos trocar entre todos os
dirigentes, porque ninguém tem licença
permanente neste Convênio, conseguimos
ampliá-lo para as Comissões de Trabalho, já
que eles não tinham este benefício”.
“Para ser dirigente é preciso tempo, e
tínhamos problemas para constituir as
comissões, mas agora, com as licenças, os
companheiros poderão participar das
Comissões de Trabalho, do Comitê Eleitoral,
das Comissões Revisoras de Contas e dos
diferentes órgãos internos do Sindicato sem
comprometer o seu tempo livre, que é
dedicado à família. Para o próximo ano serão
100 horas a mais, teremos 450 horas para
distribuir entre todos”, disse Percy Díaz.
Nossa principal força é a unidade
Ao se referir ao êxito da negociação, após
reconhecer o importante papel cumprido pela
comissão negociadora da empresa, ficou claro
que só foi possível graças à força e à
unidade com que conta o Sindicato: “O
SINATREL é uma organização que com o
tempo foi se fortalecendo, tivemos
desistências, fechamentos coletivos,
demissões, mas a unidade se manteve; essa é
uma das forças com que contamos”.
Para os próximos meses definimos trabalhar
no fortalecimento do Sindicato, organizar e
promover mais capacitações para seus
filiados a nível nacional. O SINATREL
tem suas bases nos departamentos de
Arequipa, Cusco, Ica, Trujillo e Lima.
O secretário geral do SINATREL
destacou, também, que a negociação chegou a
um bom termo porque contaram com o apoio de
instituições amigas “como a UITA, que
esteve conosco nos momentos difíceis e sua
contribuição foi transcendental. Por isso,
reconhecemos e valorizamos muito o apoio de
vocês e daqueles que estão sempre conosco”.
Convênio do SINATREL é um marco
Julio Falla,
presidente do setor Alimentos, Bebidas e
Afins da Confederação Geral de Trabalhadores
(CGTP-ABA), destacou as
vitórias obtidas pelo SINATREL: “É o
melhor acordo conquistado até a presente
data e vai servir para que, nos próximos
meses, o Sindicato cresça, e isso graças à
perseverança e dedicação de seus
dirigentes”.
“O SINATREL está por fazer oito anos.
É um sindicato relativamente jovem que tem
como filosofia que os direitos conquistados,
consensuais, são direitos irrenunciáveis”,
acrescentou.
Como presidente do setor, ele felicitou os
dirigentes e delegados da base que
integraram a Comissão Nacional por “Este
resultado que é um marco na história da
negociação peruana”.
Também expressou seu reconhecimento perante
a comissão negociadora da empresa “porque,
quando ambas as partes dialogam com vontade
e autenticidade, estes são os resultados.
Parabéns aos rapazes e que consigam mais
vitórias para o SINATREL Coca-Cola”.
Falla
lembrou que a setorial oferece apoio aos
sindicatos, e isso é possível porque
“contamos com o apoio de várias
organizações, especialmente da UITA.
Continuamente estamos coordenando com a
companheira Patricia Iglesias, que
sempre está conosco nos bons e maus momentos
do sindicalismo peruano”.
|