Brasil

Sindicalista morre em confronto con PMs

Protesto en Sapiranga, no Vale do Sinos, era contra o desemprego

 

Em protesto contra o desemprego na indústria calçadista, em Sapiranga, no Vale do Sinos, um sindicalista morreu ontem quando a manifestação se transformou em confronto com policiais militares. O embate ocorreu no km 28 da estrada que liga o município a Estância Velha (RS-239), sob o Viaduto Presidente Kennedy.

Por volta das 18h, Jair Antônio da Costa, 31 anos, representante do Sindicato dos Sapateiros de Igrejinha, chegou ao Hospital Sapiranga em um veículo da Polícia Rodoviária Estadual com parada cardiorrespiratória. Médicos e enfermeiros tentaram por mais de uma hora reanimá-lo, sem sucesso. Um inquérito policial-militar foi aberto para apurar as   circunstâncias da morte.

O protesto dos cerca de 2 mil sapateiros de Sapiranga, Rolante, Campo Bom, Novo Hamburgo e Igrejinha se iniciou por volta das 17h, conforme combinado entre os representantes da categoria e a BM, para garantir o fluxo de veículos no local e a segurança dos próprios manifestantes. O motivo são os 13 mil postos de trabalho desaparecidos no setor coureiro-calçadista da região desde o início do ano. Também participavam do protesto representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e os deputados federais Marco Maia e Tarcísio Zimmermann (PT).

Aproximadamente 30 minutos mais tarde, o grupo ocupou a pista e bloqueou o trânsito. A confusão ocorreu quando os trabalhadores já estavam se dispersando, pouco antes das 18h. Costa foi imobilizado por PMs e acabou desfalecendo. Segundo os manifestantes, a vítima foi agredida, asfixiada com um cassetete e algemada. O comandante do 32º Batalhão de Polícia Militar, com sede em Sapiranga, tenente-coronel José Paulo da Silva, informou que o caso está sendo apurado, mas o relato que teve do episódio, do qual participaram 76 servidores, foi outro.

- A manifestação começou pacífica, até que eles foram para cima da pista. A BM e a Polícia Rodoviária Estadual faziam desvios do trânsito. Quando tudo estava terminando, o Jair Costa teria ido até uma motocicleta da BM, arrancado a chave e saído correndo. Os PMs o perseguiram e imobilizaram.

 

Quando perceberam que ele estava passando mal, levaram para o hospital. Mas nós também tivemos policiais feridos por pedradas lançadas pelos manifestantes - disse o comandante.

Dirigente sindical de Igrejinha era casado e tinha dois filhos

A versão é semelhante à contada pelo confeiteiro Ezequiel de Oliveira Rocha, 46 anos, e a mulher, Fátima, 46, moradores da Rua Benjamin Constant, que cruza o viaduto.

- Estávamos tomando chimarrão e observando a manifestação. Tudo normal. De repente começou uma correria. Um homem era perseguido por uma dezena de PMs.
Ele foi encurralado e jogado no chão. Os policiais foram pra cima dele. Nisso, os  manifestantes chegaram e tentaram ajudar o colega - disse Rocha.


O corpo foi encaminhado para o Posto Médico Legal de Novo Hamburgo para autópsia. Costa trabalhava na Calçados Beira Rio havia 10 anos, onde atuava na montagem dos calçados. Natural de São Miguel do Oeste (SC), ele era casado e pai de uma adolescente e de um menino.

Por ironia, o caso ocorre exatamente 19 anos depois de outra tragedia sindical. Em 30 de setembro de 1986, o operário calçadista Carlos Dorneles Rodrigues, 20 anos, morreu ao ser baleado na cabeça quando retornava de assembléia que encerrou greve de nove dias em Sapiranga.

 

Publicado en Zero Hora, Porto Alegre

12 de octubre de 2005

 

 

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