Argentina
UATRE e seu Programa de Alfabetização Rural
“Até que ninguém fique sem saber ler e escrever” |
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IV Encontro de Capacitação
para Facilitadores do Programa de Alfabetização Rural (PAR) |
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O modelo
agrícola dominante –excludente e depredador– também é
tremendamente perverso. Assim, quando mais tecnologia
incorpora mais atraso e empobrecimento leva ao meio rural e
sua gente. Nos redores das monoculturas de comodities, um
povo desempregado, marginalizado, empurrado para a miséria
olha como trabalham sem parar as colheitadeiras monitoradas
por satélites. Muitas dessas pessoas tampouco sabem ler nem
escrever.
No meio da crise que sacudiu os pilares institucionais da
nação Argentina, algumas lideranças amarraram as
organizações e se mantiveram inertes. No meio da tormenta
neoliberal, outros homens e outras mulheres, os
imprescindíveis, convencidos de que este momento histórico
desfavorável se o enfrentava soltando as rédeas da
imaginação e da ousadia optaram pela mobilização. Ao tempo
em que reconstruíam a organização com as pessoas abriram
sulcos sobre a terra deserta, ganhando-lhe espaços à
resignação e ao individualismo.
A União Argentina de Trabalhadores Rurais e Estivadores
(UATRE), conta com esses dirigentes e é uma organização que
não só suportou o vendaval do suposto fim da história, mas
que nestes últimos anos tem registrado importantes e
inéditos êxitos. A Carteira do Trabalhador Rural, a través
da qual milhares de assalariados deixaram de trabalhar
informalmente e hoje têm proteção social e sindical; a
ratificação do Convênio 184 da OIT sobre Segurança e Saúde
na Agricultura, bem como a assinatura de infinidade de
convênios com o governo central e administrações locais que
têm por objetivo a implementação de projetos em pro da
dignidade do trabalhador rural e sua família são só alguns
exemplos.
No Congresso Nacional da UATRE realizado em 1998, uma
pesquisa entre os delegados assistentes identificou a
alfabetização como uma demanda peremptória. Em virtude
disso, o Instituto de Capacitação e Emprego (ICE), sob a
direção de Oscar Ceriotti, conformou a Comissão de
Alfabetização “para alfabetizar até que não fique nenhum
trabalhador nem trabalhadora rural sem saber ler nem
escrever”, como o estabelecesse Gerónimo Venegas,
secretário geral da UATRE.
Em 2003 nossa filiada e o Ministério de Educação da Nação
subscreveram um muito importante convênio de cooperação,
através do qual UATRE pode chegar a todos os cantos do país.
Também se assinou outro convênio com Bibliotecas Rurais
Argentinas que doou 50 bibliotecas com 500 exemplares cada
una, que receberão os centros de alfabetização uma vez
finalizada sua tarefa.
O Programa de Alfabetização Rural (PAR) começou em 2002 uma
experiência piloto que se desenvolveu em cinco províncias.
Os resultados obtidos alentaram e fortaleceram o PAR, que
para 2003 contava com 17 centros de alfabetização em nove
províncias.
Entre 2002 e 2004 têm sido alfabetizados mais de 3.500
homens e mulheres em uns 250 centros de alfabetização
distribuídos em todo o país. Em 2005 se abriram 84 novos
centros e os alfabetizados superam os 1.500. As pessoas
encarregadas das aulas, chamadas “facilitadores”, são
companheiras e companheiros militantes sociais, capacitados
na sede central da União.
A terça feira 29 de março secionou o IV Encontro de
Capacitação para Facilitadores do Programa de Alfabetização
Rural (PAR), que na sua abertura contou com a presença de
autoridades do governo, da CGT e da Rel-UITA representada
por Silvia Villaverde, Enrique Terny e o secretário
regional. Em dita oportunidade Gerónimo Venegas enfatizou
que “através do PAR, UATRE se propõe acabar com o flagelo
do analfabetismo no campo, mas ao mesmo tempo devemos
erradicar o trabalho infantil que é a principal causa da
grande evasão escolar existente no meio rural”.
Em Buenos Aires, Gerardo Iglesias
© Rel-UITA
12
de abril de 2005
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