Consultado se nessa reunião foi
analisada a questão de se exigir um
aumento do salário mínimo, vital e
móvel, Barrionuevo explicou
que “para que voltemos ao Conselho
Diretor da CGT, precisamos de
uma agenda de trabalho bem montada".
Foi
nesta agenda em que estiveram trabalhando durante essa noite, apesar de
que, conforme afirmou o secretário geral da UTHGRA, ela ainda vai
ser polida na semana que vem e a seguir será realizada uma reunião do
Conselho Diretor da CGT “onde serão dadas a conhecer as
conclusões a todos os trabalhadores do país", afirmou.
Finalmente, consultado sobre se estava otimista em poder conseguir o
aumento de 30%, afirmou: “Tenho esperanças de que sim, já que os
empresários estão ganhando muito dinheiro com o turismo nacional e
internacional, e se quiserem continuar ganhando, terão que aceitar a
nossa reivindicação".
Crescimento exponencial do turismo
Na
própria quarta-feira 18, um pouco antes da reunião, a Secretaria de
Turismo dava razão a Barrionuevo, reconhecendo que, só neste ano,
já entraram no país quase 600.000 turistas, o que representa um aumento
de quase 20% em relação ao mesmo período de 2006.
O dado
relevante é que a maioria dos visitantes provém dos Estados Unidos,
um país que não tinha um vínculo turístico sólido com a Argentina,
mas que cresce ano a ano e cujos visitantes costumam ter muito poder
aquisitivo.
A
seguir vêm os turistas de países vizinhos: Brasil e Chile;
e em quarto lugar a Espanha, outros viajantes desejados pelo
turismo internacional. Com as cifras na mão, o secretário de Turismo da
Nação, Enrique Meyer, prognosticou um auspicioso 2007,
ressaltando “o posicionamento do setor no contexto internacional".
Os
novos imigrantes
De
fato, não surpreende tanto a composição dos turistas. Norte-Americanos e
Espanhóis encabeçam um grande leque de “novos imigrantes” na
Argentina, chamado “expats” (de expatriados). Não vêm de países
pobres, nem perseguidos por conflitos armados, ditaduras ou pela fome
como no passado, mas sim dos Estados Unidos e dos principais
países da Europa e chegam, principalmente a Buenos Aires, pela
oferta cultural e pelos benefícios obtidos com a diferença cambial.
Estes
imigrantes “VIP”, que diferentemente de nossos avós não moram em
cortiços mas em modernas casas recicladas, preferencialmente na região
de San Telmo e Palermo “Soho” ou “Hollywood” (esses nomes foram
escolhidos devido à oferta cultural no primeiro caso, e à quantidade de
produtoras de cinema no outro).
O
fenômeno é tão importante que já chegou às páginas da revista Newsweek,
com um artigo sobre Buenos Aires -The
Capital of Cool- “A capital da moda”, que explicava este novo
fenômeno migratório. Basta caminhar um par de quarteirões para ver
certamente alguns destes jovens e outros nem tanto, estudantes,
escritores, artistas, cineastas que vão ao supermercado, pegam ônibus e
metrô, mas consomem dez vezes mais do que um portenho comum. Não há
nenhum restaurante, das centenas que existem em Palermo, vazio a
qualquer hora da noite, em qualquer dia da semana.
Tudo
isto não condiz com a política de exploração do trabalho feita por estes
espaços gastronômicos com seus trabalhadores e trabalhadoras. É por isso
que Barrionuevo e sua agremiação farão carga contra estes
restaurantes em particular, por seu enorme lucro e sua política
“escravista” para com os trabalhadores.
Em Buenos Aires, Javier
Amorín
© Rel-UITA
20 de
abril de 2007
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