Uruguai | WRM | SOCIEDADE
Ricardo
Carrere
Diante da partida de um amigo
Um dos inconvenientes da minha idade é o de ter chegado
a uma etapa em que temos de nos despedir dos nossos
amigos queridos que partiram desta vida.
Hoje de manhã recebi uma ligação da Rel-UITA
para me informar do falecimento de Ricardo Carrere. Ainda
comovido, tento redigir estas linhas para me despedir,
em meu nome e também de toda a equipe da Secretaria
Regional, de um querido amigo e companheiro.
Ricardo
era técnico florestal formado em 1966 pela Escola de
Silvicultura de Maldonado (Uruguai), com estudos
posteriores na França na Escola Nacional de Engenheiros
de Trabalhos de Águas e Florestas (École Nationale
des Ingénieurs de Travaux des Eaux et des Forêts). Anos
mais tarde, como aconteceu com tantos uruguaios, a
ditadura o fez conhecer a prisão e o exílio, sem que por
isso perdesse a sua alegria característica e o seu
inabalável otimismo.
Em 1996, foi nomeado Coordenador internacional do
World Rainforest Movement -WRM- (Movimento
Mundial pelas Florestas Tropicais), cargo que o levou a
viajar pelo mundo e que desempenhou até alguns meses
atrás. Também integrou o grupo "Guayubira" ONG
uruguaia que reúne pessoas e organizações preocupadas
com a conservação das florestas nativas e com os
impactos socioeconômicos e ambientais do atual modelo de
desenvolvimento florestal. Autor de uma dezena de livros
e de centenas de artigos, participou de inúmeros fóruns,
seminários e debates.
Por muitos anos, a Rel-UITA teve o privilégio de
contar com a sua colaboração e a XII Conferência
Regional Latino-Americana da UITA (Novembro de 2000)
aprovou aprofundar a coordenação e aliança com o WRM,
acordo referendado e ampliado pela XIII Conferência
Regional (Outubro de 2006). Por ocasião do 25º
Congresso da UITA (Genebra 2007) Ricardo, em
nome do WRM, e Ron Oswald, em nome da
UITA, assinaram um acordo de cooperação entre ambas
as organizações.
Como muitas das nossas organizações filiadas recordarão,
com Ricardo compartilhamos diversas frentes de
luta, incluindo a monocultura de dendê e a UNILEVER,
os transgênicos, a monocultura de eucaliptos e as
fábricas de celulose, os agrotóxicos, a defesa da água e
assim por diante.
A última atividade que compartilhamos foi em junho do
ano passado, quando foi formado o Comitê Uruguaio de
Solidariedade com o Povo de Honduras.
À sua companheira de vida e de sonhos, María Isabel
Cárcamo, e ao restante de sua família, enviamos o
nosso profundo sentimento de solidariedade.
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