O livro Massacre Silencioso – Doença
Invisível na Nestlé de Araras terá sua
edição em português lançada durante o
Encontro Nacional por uma CPI para
apurar conivência em laudos entre
peritos do INSS e médicos das
empresas. O livro é de autoria de
Carlos Amorim, escrito originariamente
em espanhol, e escancara, com
fundamentações, o massacre que a
multinacional impõe a seus
trabalhadores na linha de produção o
que os torna potenciais vítimas de LER
– Lesões por Esforços Repetitivos.
Conforme define a Dra. Maria Maeno,
especialista em medicina do trabalho e
coordenadora do Centro de Referência
em Saúde do Trabalhador (CEREST) de
São Paulo, a LER “é um conjunto de
afecções que ocorrem nos músculos,
tegumentos, tendões, ligamentos,
articulações, nervos e vasos
sangüíneos. De maneira concomitante ou
isolada costumam manifestar-se através
de síndromes compressivas de nervos
periféricos, tenossinovites, mialgias
e outras síndromes dolorosas. Os
portadores da doença expressam queixas
de dor, parestesia (formigamento/adormecimento),
sensação de peso, fadiga – geralmente
de aparição insidiosa – nos membros
superiores e na região cervical que ao
princípio se manifestam em certas
situações do trabalho, ou depois da
jornada de trabalho, mas que com o
tempo invadem os fins de semana, as
férias e acabam sendo constantes. Os
sintomas podem aparecer dias, semanas,
meses ou anos depois da exposição
continua ou freqüente a fatores
desencadeantes e/ou agravantes da
doença.”
Segundo Carlos Amorim denuncia em seu
livro, na Nestlé em Araras “... se
manipula os médicos para que não
ordenem descansos aos lesionados e
neguem a existência de LER, porque os
líderes da fábrica pressionam os
funcionários para alcançar suas metas
de produtividade, inclusive com risco
de sua segurança e saúde físicas...”
Cláudio Pinto de Oliveira, um dos
trabalhadores da Nestlé em Araras que
dão depoimentos no livro, diz “Eles
aplicam o lema de que há que por peso
sobre o burro até que não agüente,
então se troca de burro. A produção
aumentou o dobro em 25 anos e a folha
de funcionário foi reduzida de 2.100
empregados para os atuais 1.300.”
O livro foi publicado em novembro de
2004 pela Secretaria Regional
Latinoamericana (Rel-UITA) - www.rel-uita.org
, sediada no Uruguai.
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