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            Brasil 
  
  
    
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             Malditos sejam os que se 
                        
                        calam diante da 
                        fome  
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      Países do Terceiro Mundo, Brasil 
      incluído, correm desesperadamente atrás de recordes em suas respectivas 
      safras de grãos. Alguns realizam grandes feitos. Os noticiários destacam 
      índices de crescimento econômico e a sensação é que, por fim, há sinais de 
      alento no horizonte. Mas há uma perversidade nessa história. Enquanto a 
      frieza dos números estatísticos continuar como parâmetro para análises e a 
      carcomida política econômica neoliberal continuar ditando as regras do 
      jogo e ambos andarem de mãos dadas, não haverá certeza alguma em horizonte 
      nenhum.
 De que adianta os países terceiro-mundistas vangloriarem-se de suas 
      extraordinárias safras, se suas populações minguam famintas em meio à 
      miséria anunciada? No Dia Mundial da Alimentação, há que se fazer uma 
      reflexão e despertar a consciência; o alimento é energia do homem e deve 
      ser um direito do cidadão e uma obrigação dos dirigentes. Mas a 
      contradição estampada em quaisquer jornais do mundo deve ser apontada em 
      praça pública e denunciada. A fome, algoz de 840 milhões de pessoas em 
      todo o mundo, não acontece por falta alimentos. Muito pelo contrário. A 
      concentração de riquezas, o desemprego em massa e a submissão às regras 
      impostas pelos credores, mola mestra da esmagadora política econômica 
      adotada por esses países, forçam a uma inversão de valores subumanos; a 
      produção em larga escala voltada para a exportação, em detrimento da 
      mendicância umbilical. Enquanto porcos, cavalos e vacas dos países 
      desenvolvidos engordam em seus cubículos, outros animais – aqueles que 
      pensam – padecem no Terceiro Mundo. As conseqüências são devastadoras e 
      nem precisam ser relatadas. Basta lembrar que a cada 3 segundos, uma 
      pessoa, na maioria das vezes, crianças, morrem pelo mundo. Ou ainda, até o 
      final deste dia, 24 mil terão falecido. Fome zero no mundo? Quando?
 
 
      Siderlei Oliveira
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      www.cut.org.br 
        
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      de setiembre 2003    |