A 
reforma agrária é o principal instrumento político para a ruptura com o 
atual modelo de desenvolvimento excludente, concentrador de terra e renda e 
reprodutor do poder oligárquico.
É um instrumento essencial para promover o desenvolvimento democrático da 
agricultura e o resgate da cidadania para milhões de trabalhadores e 
trabalhadoras que, expulsos da terra, se viram excluídos do processo 
produtivo.
 
 
A 
democratização da propriedade da terra impulsiona a democratização do poder 
político, econômico e social. Promove a geração de emprego e ocupações 
produtivas para todo um segmento sem alternativas de inserção social e 
produtiva, a eqüidade, sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento das 
comunidades envolvidas, processos essenciais para o fortalecimento da 
agricultura familiar e a construção de alternativas de desenvolvimento para 
o País.
 
A 
realização de uma verdadeira reforma agrária deverá tocar, portanto, nos 
pilares que fundamentam a exclusão social e o frágil desenvolvimento 
brasileiro, promovendo a inclusão social, a formação e a consolidação de um 
forte mercado interno no País.
 
Um amplo 
processo de mobilização de massa, a exemplo da ocupação dos latifúndios 
improdutivos, força as desapropriações e quebra a espinha dorsal do 
conservadorismo, pois ataca o poder econômico e político do latifúndio. 
Aliada à imediata regularização das terras ocupadas por posseiros e 
posseiras, a implantação de um programa de crédito fundiário e de um massivo 
apoio à consolidação da agricultura familiar, são fundamentais na construção 
de alternativas de desenvolvimento.
 
A expansão 
da agricultura familiar depende de uma política agrária abrangente, que 
permita o acesso à terra a todos os trabalhadores e trabalhadoras, sem terra 
ou com terra insuficiente para assegurar o seu desenvolvimento, sob o prisma 
da eqüidade, sustentabilidade e competitividade. Esta política de 
redistribuição é ainda mais necessária nas regiões com maior concentração 
fundiária.
 
A 
consolidação dos assentamentos de reforma agrária representa a passagem dos 
trabalhadores e trabalhadoras de um quadro de exclusão para o de inserção 
produtiva. Para isto, são necessárias linhas de crédito especiais, 
assistência técnica e investimentos em infra-estrutura social e produtiva, 
voltadas à organização da produção e ao bem-estar das famílias assentadas. A 
formação profissional e os instrumentos de política de desenvolvimento, como 
créditos e outros, devem ser aplicados imediatamente após o assentamento dos 
trabalhadores e trabalhadoras. Devem também ser garantidos recursos 
orçamentários para a cobertura do total de assentamentos realizados no País, 
bem como a imediata legalização da área.
 
Portanto, a reforma agrária só 
terá sustentabilidade econômica e social se estiver inserida num contexto de 
políticas globais de valorização e ampliação do papel estratégico da 
agricultura em regime de economia familiar para o desenvolvimento do país.
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Manoel José dos Santos* 
 © Rel-UITA 
17 de septiembre 
de 2007 |  |    |      | 
 
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Presidente da CONTAG