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A BRF, Brasil Foods S.A., de 
Capinzal, que responde por 9 por 
cento das exportações mundiais 
de proteína animal, foi multada 
em quase R$ 5 milhões, por 
descumprir decisão da Justiça do 
Trabalho. A unidade abate cerca 
de 450 mil frangos por dia e 
emprega 4,5 mil pessoas – 20 por 
cento delas estão com algum tipo 
de doença ocupacional.
 
No dia 
08 de fevereiro de 2010, a juíza 
da Vara do Trabalho (VT) de 
Joaçaba, Lisiane 
Vieira, concedeu tutela 
antecipada em ação movida pelo 
Ministério Público do Trabalho, 
obrigando a empresa a conceder 
pausas de recuperação de fadiga 
de 8 minutos a cada 52 minutos, 
em atividades repetitivas, e 
notificar as doenças 
ocupacionais comprovadas ou 
objetos de suspeita. A mesma 
decisão proibiu a empresa de 
promover jornadas extras, para 
minimizar os efeitos nocivos aos 
funcionários.
 
 Ao julgar mandado de segurança 
impetrado pela Brasil 
Foods, o Tribunal Regional 
do Trabalho (TRT-SC) 
cassou a tutela antecipada. Mas 
em recurso interposto pelo 
MPT, o Tribunal Superior do 
Trabalho (TST), por 
unanimidade, restabeleceu a 
decisão da juíza Lisiane
Vieira.
 
 O descumprimento das pausas 
gerou a execução de duas multas. 
Uma, no valor de R$ 10 mil por 
dia, e outra de R$ 20 mil por 
dia, porque a empresa não emitiu 
Comunicações de Acidentes de 
Trabalho (CATs). Ambas as 
multas, desde 28 de junho de 
2011, já somam R$ 4,7 milhões. 
Ainda cabe recurso, mas a 
empresa deve depositar o valor 
para poder recorrer.
 
 Para o procurador do trabalho 
Sandro Eduardo Sardá, Gerente 
Nacional do Projeto do MPT 
de Regularização das Condições 
de Trabalho em Frigoríficos, é 
lamentável que mesmo após a 
decisão da vara, mantida pelo 
TST, a empresa tenha continuado 
a violar os direitos 
fundamentais dos trabalhadores. 
Trata-se de grave desrespeito ao 
Poder Judiciário Trabalhista, ao 
Ministério Público, aos 
trabalhadores e a toda a 
sociedade, diz.
 
 O procurador lembra que, 
recentemente, a BRF, em 
Capinzal, investiu cerca de R$ 
50 milhões na automação de seus 
processos industriais e, mesmo 
assim, os empregados continuam 
realizando de 70 a 120 
movimentos por minuto, isto é, 
sendo submetidos a um ritmo de 
trabalho intenso e incompatível 
com a preservação da sua saúde 
física e mental, pois estudos 
apontam que não se pode exceder 
o limite de 30 a 35 movimentos 
por minuto, enfatiza.
 
 A empresa
 
 A 
BRF fechou 2010 como a 
terceira maior exportadora do 
país. É uma das maiores empresas 
de alimentos do mundo e foi 
criada a partir da associação 
entre a Perdigão e a 
Sadia. Atua nos segmentos de 
carnes (aves, suínos e bovinos), 
alimentos industrializados 
(margarinas e massas) e lácteos, 
com marcas consagradas como a 
Perdigão, a Sadia, a
Batavo, a Elegê, e 
a Qualy, entre outras.
 
 Com faturamento líquido de R$ 23 
bilhões registrado em 2010, a 
empresa exporta para 140 países, 
opera 61 fábricas no Brasil (distribuídas 
em 11 Estados) e três no 
exterior (Argentina, 
Reino Unido e 
Holanda). Mantém 24 
escritórios comerciais no 
Exterior e emprega cerca de 115 
mil trabalhadores.
 
 Estudos realizados pela própria
BRF, na unidade de 
Videira, comprovam:
 
 • 68,1 por cento dos empregados 
do setor de aves e 65,31 por 
cento do setor de suínos sentem 
dores causadas pelo trabalho;
 
 • 61,79 por cento dos empregados 
estabelecem relação entre a dor 
e o trabalho desenvolvido na 
área de aves e 60,34 por cento 
na área de suínos;
 
 • 70,89 por cento dos postos 
precisam de intervenção 
ergonômica no setor de aves e 
95,5 por cento dos postos no 
setor de suínos;
 
 • 30,24 por cento dos empregados 
manifestaram dormir mal no setor 
de aves e 33,18 por cento no 
setor de suínos;
 
 • 49,64 por cento dos empregados 
manifestaram se sentir nervosos, 
tensos ou preocupados no setor 
de aves e 50,43 por cento no 
setor de suínos;
 
 • 12,26 por cento dos empregados 
no setor de aves e 13,46 por 
cento dos empregados do setor de 
suínos manifestaram que alguma 
vez pensaram em acabar com a sua 
vida.
 
 
  
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