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  Com 
Bernabel Matos
Outra vez: 
 
o leite ruim da Nestlé  | 
 
 
 
Dia 19 de 
junho passado, diante do iminente fechamento da fábrica da Nestlé Sorvetes 
em Santo Domingo, a Rel-UITA iniciou uma campanha de denúncia e 
sensibilização a nível internacional. O Sirel dialogou com Bernabel Matos, 
representante da Rel-UITA na República Dominicana e ex-trabalhador da 
Nestlé, quem nos colocou a par de toda a situação.
 
 
-O que 
aconteceu nestes últimos dias?
-A 
Nestlé 
comunicou à Secretaria do Trabalho o fechamento da fábrica, mas não há 
documento algum desta Secretaria. Quinta-feira passada, dia 19 de junho, 
enquanto a gerência se reunia com a comissão diretiva do sindicato, o 
Departamento de Recursos Humanos -com os cheques na mão- anunciava aos 
trabalhadores o fechamento da fábrica. Insisto que o RH fazia isso com as 
indenizações na mão, com um pouco mais de dinheiro que o que correspondia 
legalmente (o equivalente a um mês a mais), uma forma de entusiasmar as 
pessoas com uma quantidade de dinheiro enquanto lhes arrebata nada menos que 
o seu emprego.
A empresa 
sustenta o discurso de que vai considerar a possibilidade de remanejar 
trabalhadores para a fábrica de San Cristóbal ou para a de San 
Francisco de Macorís e que se esforçariam para remanejá-los também para 
outras empresas. A empresa acrescenta que perdeu muitos milhões de dólares e 
que traria a produção do exterior, mais precisamente de Cuba.
Por outro 
lado, uma comissão do Sindicato de Trabalhadores de CODAL (SITRACODAL) 
se reuniu com o Comitê Executivo do Sindicato de Trabalhadores de Sorvetes 
Nestlé (SINTRANESTED), para elaborar um plano de luta e exigir o 
respeito ao convênio coletivo. A empresa tem que demonstrar à Secretaria de 
Trabalho e ao sindicato as perdas que alega; até agora não foi permitido que 
a Secretaria, nem os técnicos que assessoram o sindicato, conheçam os 
motivos do fechamento da fábrica. 
De sua parte, 
a Secretaria de Trabalho, sabendo que há um sindicato, devia ter exigido uma 
saída negociada e não o fez. Está claro que a 
Nestlé agiu com a conivência das autoridades trabalhistas do 
país.
 
-Quais foram 
os resultados da última assembléia geral?
-Sexta-feira, 
dia 20 de junho, foi realizada a assembléia geral, que contou com delegados 
dos sindicatos de San Cristóbal e de São Francisco de Macorís, Sergido 
Castillo e Ramón Durán, respectivamente.  Nessa assembléia 
informou-se das implicações legais do fechamento da fábrica e do que a 
Federação Nacional de Trabalhadores da Indústria da Alimentação, Hotéis, 
Bebidas e Tabaco (FENTIAHBETA) pode exigir com respeito ao convênio 
coletivo, à liberdade sindical e aos direitos dos dirigentes trabalhistas. 
Também foi informado que hoje, segunda-feira, haveria uma reunião de 
mediação na Secretaria do Trabalho para analisar questões sobre o convênio 
coletivo e a possibilidade de remanejar os trabalhadores para as outras 
fábricas.
A Confederação 
Nacional de Unidade Sindical (CNUS), a Rel-UITA e a 
FENTIAHBETA convocarão a 
imprensa para uma entrevista coletiva na quinta-feira que vem, dia 26 de 
junho, para informar ao país sobre as violações das leis e o abuso da 
multinacional Nestlé, 
que deixa mais de cem chefes e chefas de família na rua, fato decidido de 
forma unilateral e abusiva.