Colômbia

 

Campanha contra a violência em Urabá

A morte e a impunidade campeiam

novamente nesta sofrida região

 

Uma tormenta implacável de vento e chuva açoitava na noite do dia 22, terça-feira passada, a corregedoria de Currulao, município de Turbo, em Urabá, já tendo provocado o destelhamento de dezenas de casas, além da interrupção da energia elétrica e por isso o casario estava mergulhado em completa escuridão. Foi então que surgiu, vindo do rio, um grupo de oito pessoas armadas para a guerra, acompanhado por dois encapuzados que iam assinalando as casas dos condenados. Três mulheres e três homens supostamente vinculados aos –ou familiares de– paramilitares desmobilizados foram assassinados durante as três horas em que durou a incursão do grupo armado. As forças de segurança do governo alegam que o caos climático e as suas conseqüências impediram qualquer ação de sua parte, e ainda tentam estabelecer a filiação dos atacantes. Enquanto uma versão responsabiliza as FARC, outra alude a um ajuste de contas entre bandos relacionados com facções rivais de paramilitares e/ou narcotraficantes.

 

O certo é que a violência impune aparece novamente na região, onde já se fala de uma escalada de assassinatos e de futuras retaliações que colocam a população civil numa situação de refém, bem como os trabalhadores e trabalhadoras bananeiros e os dirigentes sociais e sindicais da região, contra quem, finalmente, termina se concentrando a violência.

 

Diante desta intolerável realidade e de uma perspectiva ainda pior, a Rel-UITA anuncia que iniciará uma nova campanha internacional contra a violência em Urabá, já tendo enviado uma carta ao Presidente da Colômbia, doutor Álvaro Uribe Vélez, exigindo de seu governo o exercício da sua responsabilidade constitucional, política e social para garantir o direito à vida e à dignidade em Urabá.

 

Carta ao Presidente da Colômbia

 

Secretaría Regional Latinoamericana de la

Unión Internacional de Trabajadores de la Alimentación,

Agrícolas, Hoteles, Restaurantes, Tabaco y Afines


 

Montevidéu, 27 agosto  de 2007

 

 

Ilmo. Senhor Presidente da República da Colômbia

Dr. Álvaro Uribe Vélez

Bogotá

 

 

Assunto: Recrudescimento da violência em Urabá – Antioquia

 

 

Senhor Presidente:

 

Tomamos conhecimento do pronunciamento de nossas filiadas na Colômbia, a União Nacional Agroalimentar (UNAC) e o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Indústria Agropecuária (SINTRAINAGRO), assim como das notícias sobre o novo massacre ocorrido no dia 21 de agosto passado na corregedoria Currulao do município de Turbo.

 

O horrendo e repudiável crime nos indica que a permanente denúncia e  os reclamos de diversas organizações, tanto colombianas como internacionais, dirigidas ao seu Governo, exigindo que se imponha a segurança, a justiça e a paz com desenvolvimento social na região de Urabá, não encontraram nenhuma receptividade e, pelo contrário, recomeçaram os assassinatos seletivos de trabalhadores bananeiros, as ameaças contra sindicalistas e agora os massacres, os quais, como o de Currulao, são executados com absoluta impunidade nas barbas das autoridades.

 

No passado, a UITA desenvolveu uma grande campanha internacional pelos direitos humanos e pela vida na região de Urabá, quando os violentos grupos armados ilegais declararam uma “guerra de extermínio” contra trabalhadores e dirigentes sindicais após o processo de paz assinado com o Exército Popular de Liberação (EPL).

 

Desde então, as ações criminosas diminuíram claramente, mas agora, diante do ressurgimento das mesmas atrocidades, iniciaremos uma nova campanha de denúncias a fim de fazer com que o seu Governo cumpra com o mandato da Constituição Política da Colômbia de reconhecer e efetivar a defesa da vida, da honra e dos direitos dos cidadãos.

 

Reclamamos do Poder Executivo, do Ministério Público, da Procuradoria e da Defensoria do Povo, ações urgentes e eficazes destinadas a erradicar definitivamente de Urabá a violência e seus atores, mediante a administração oportuna e eficaz da justiça e da aplicação de um investimento social que sempre esteve ausente nessa região do país. 

 

 

Cordiais saudações,

  

 

Gerardo Iglesias

Secretário regional UITA

 

 

Cópia:

Fiscal Geral da Nação, Dr. Mario Iguaran Arana / Procurador Geral da Nação,

Dr. Edgardo Maya Villazón / Defensor do Povo, Dr. Wolmar Pérez /

UNAC / SINTRAINAGRO / CUT / OIT / UITA (Suíça)

 

 

 

Wilson Ferreira Aldunate 1229 Ofic. 201, Montevideo, Uruguay

Tel: (5982) 9007473 - 9021048 / Fax: 9030905  -  uita@rel-uita.org

 Rel-UITA

27 de agosto de 2007

 

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