Brasil - Argentina

 

Preso no Rio ex-militar acusado de fuzilar oposicionistas durante ditadura argentina

 

 

Policiais federais da Interpol no Rio prenderam na manhã desta quarta-feira o ex-major do exército argentino Norberto Raul Tozzo, de 63 anos. O militar é acusado de, no dia 13 de dezembro de 1976, comandar um grupo de militares que seqüestrou e matou 22 pessoas ligadas à oposição ao governo militar na Argentina. O episódio ficou conhecido como o Massacre de Margarita Belém, em alusão à cidade onde ocorreu o fuzilamento dos prisioneiros políticos. Dos 22 mortos, apenas os corpos de sete foram entregues às famílias. Os outros jamais apareceram.

 

Em outubro de 2004, o governo argentino pediu a prisão de dez militares acusados da matança. Todos foram presos, menos Tozzo, que conseguiu fugir para o Brasil. O argentino passou a viver de maneira clandestina no país, sem qualquer identificação, até que foi descoberto pela Interpol no Rio de Janeiro. Ao ser preso, o argentino, que estava registrado com nome falso em um hotel da Zona Sul, demonstrou serenidade e não reagiu.

 

"Não sabemos como ele entrou no país e nem quando"

 

O mandado de prisão foi expedido pelo Supremo Tribunal Federal na última terça-feira. Tozzo foi levado no fim da tarde para o presídio Ary Franco, em Água Santa, e de lá seguiu para a prisão especial de Bangu 8, onde deve permanecer aguardando a decisão judicial sobre o pedido de extradição.

 

Os policiais apuram como o argentino entrou no país. O foragido não portava documentação na hora da prisão.

 

Ele foi detido ao admitir ser Norberto Tozzo

 

Mais tarde, os exames de impressão digital confirmaram sua identidade.

- Não sabemos como ele entrou no país e nem quando - comentou um policial.

 

Na época em que ocorreram os seqüestros, a Argentina era governada pelo general Jorge Videla, que comandou o golpe militar que tirou do poder María Estela Martínez de Perón, em 1976. À frente do que convencionou chamar Processo de Reorganização Nacional, Videla exerceu uma cruel ditadura. Seu governo foi marcado por violações aos direitos humanos, incluindo desaparecimentos, assassinatos e tortura de adversários políticos, e por um conflito fronteiriço com Chile, que esteve a ponto de virar um conflito armado.

 

Ele ficou no poder até 1981, quando desavenças no seio da cúpula militar forçaram sua substituição pelo general Viola. Depois da restauração da democracia, Videla foi julgado e condenado a prisão perpétua e destituição da patente militar por numerosos crimes cometidos durante seu governo.

 

O Globo

19 de setembro de 2008

 

 

NdelE: Agradecemos el envío de esta nota a Jair Krikchke

 

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