O temor da vitória da esquerda nas eleições presidenciais no Uruguai em 1971 levou o governo do país vizinho a pedir que o Brasil preparasse tropas para invadir seu território. A revelação foi feita ontem pelo general Ruy de Paula Couto, 90 anos, no programa Histórias, da TVCOM.

Chefe do Estado-Maior do III Exército (hoje Comando Militar do Sul), Ruy viajou ao Uruguai no início da década de 70 cumprindo ordens do então presidente Emílio Médici. O general já havia sido adido militar no país e era amigo do então ministro da Defesa uruguaio, general Cesar Borba.

- Sabe a história de que o Brasil queria invadir o Uruguai ? Balela. Os uruguaios é que pediram, queriam saber se podiam contar com o apoio do Brasil - disse ontem o general.

De acordo com o militar, o então presidente uruguaio Jorge Pacheco Areco queria ajuda brasileira para, primeiro, organizar um serviço de inteligência e, depois, se fosse o caso, invadir o país. O general garante ter havido instrução de tropas do III Exército para a invasão - que se tornou desnecessária com a derrota da esquerda.

- Não sei se a notícia de que o Brasil daria apoio ao governo teve influência nessa derrota - afirmou.

Para o secretário-geral do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke, as revelações do general Ruy de Paula Couto são de "grande importância".

- Era um plano inusitado. É algo impensável em qualquer exército do mundo pedir ao exército de outro país que o invada - diz.

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