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	Comissão Pastoral da Terra denuncia violência contra trabalhadores no Pará
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					A Comissão Pastoral da Terra (CPT) denunciou que apenas 
					neste ano três trabalhadores rurais já foram mortos em 
					conflitos agrários no sul e sudeste do Pará. A última vítima 
					foi José Lopes do Carmo, conhecido como Antônio Capixaba, 
					assassinado na quinta-feira passada (17) no município de 
					Itupiranga. Ele tinha 62 anos e seis filhos. 
					
					
					O agente da CPT em Marabá, Aírton Pereira, disse hoje (23) à 
					Radiobrás que as 56 famílias que vivem no acampamento do 
					qual Capixaba fazia parte continuam a receber ameaças de 
					morte. "Ontem as lideranças do acampamento da Fazenda Rainha 
					estiveram na Comissão Pastoral da Terra relatando que os 
					pistoleiros estão rondando as barracas", contou Pereira. 
					
					
					"Agora a coisa parece mais grave, porque eles estão parando 
					para intimidar os trabalhadores. Muitas famílias já deixaram 
					o acampamento. As que resistem estão com muito medo." 
					
					
					As 56 famílias viviam na Fazenda Rainha há um ano e sete 
					meses, quando foram despejadas pelo Batalhão de Choque da 
					Polícia Militar do Pará. A ação de reintegração de posse foi 
					executada no dia 21 de julho. Ela foi pedida pelo 
					proprietário da área, o pecuarista Wilson Luiz Pereira, e 
					autorizada pelo juiz da Vara Agrária de Marabá, Sérgio 
					Ricardo da Costa. 
					
					
					Uma nota da assessoria de comunicação da Polícia Civil do 
					Pará, publicada na página do órgão na Internet no dia da 
					operação, informava que a fazenda possui 2,7 mil hectares e 
					está localizada no entorno da rodovia Transamazônica. 
					
					
					O texto afirmava ainda que grande parte dos "invasores" 
					vinha da própria região e dos estados do Maranhão e Piauí. E 
					reconhecia que eles estavam cultivando na área milho, arroz, 
					feijão e banana, além de criar 100 cabeças de gado. 
					
					
					Antônio Capixaba e as outras famílias desalojadas montaram 
					um novo acampamento no projeto de assentamento Limeira, 
					próximo à Fazenda Rainha. "Oito dias após o despejo, o 
					proprietário colocou seus pistoleiros para vigiar a área. 
					Eles passavam em frente ao acampamento, encapuzados, dando 
					tiros", relatou o agente da CPT em Marabá. 
					
					
					"As famílias diversas vezes foram ameaçadas. Nós denunciamos 
					o caso à Delegacia Especializada em Conflitos Agrários de 
					Marabá, mas nada foi feito. No último dia 17, o seu Antônio 
					resolveu ir à fazenda para pegar um cavalo dele e foi 
					alvejado com dois tiros: um de revólver, na cabeça; outro de 
					espingarda, na altura do tórax, do lado direito. Esse é um 
					caso típico de pistolagem dessa região." 
					
					
					A Radiobrás procurou a Delegacia Especializada em Conflitos 
					Agrários (Deca) de Marabá, mas não conseguiu qualquer 
					informação. O delegado responsável caso, Vicente Pereira 
					Gomes, estava em uma operação e só deve retornar ao 
					escritório amanhã. 
					
					
					Contactado, o delegado Waldir Freire, do Departamento de 
					Polícia do Interior, localizado em Belém, disse que não 
					tinha dados sobre o crime em Itupiranga. 
					
					
					A assessora de comunicação do Instituto Nacional de 
					Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Marabá, Keila dos 
					Reis, informou que o ouvidor agrário regional, Celson 
					Florêncio, está acompanhando os conflitos em Itupiranga. 
					
					
					"Ele hoje está viajando, provavelmente para a região. Estou 
					tentando falar com ele desde cedo, mas aqui no meio da 
					floresta o telefone nem sempre funciona", justificou a 
					assessora. 
					
					
					De acordo com dados da CPT, 774 trabalhadores rurais foram 
					assassinados em luta pela posse da terra no Pará entre 1971 
					a 2004. A maior parte das mortes (654) ocorreu no sul e 
					sudeste do estado. 
					
					
					"A violência cresce e a impunidade continua", acusou 
					Pereira.  "Pistoleiros e mandantes não são presos. 
					Quando são detidos, não são condenados." 
					
					
					Thaís Brianezi 
					
					
					24 de agosto de 2006 
					
					  
					
					  
					
                          
							  
					
					   
					
					  
					
					
							
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