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Honduras

Honduras – 42 após o Golpe de Estado

O país permanece mobilizado

e Tegucigalpa resiste

Avança a grande Marcha Nacional de Resistência Popular

 

Com passo lento e seguro, milhares de hondurenhos avançam na grande Marcha Nacional de Resistência Popular, certos de alcançar seu objetivo na próxima terça-feira, 11 de agosto. Enquanto isto, em Tegucigalpa o povo em resistência ocupou novamente as ruas, desafiando as declarações do governo de fato, que quer impedir esta livre expressão popular de dissidência.

Rafael Alegría

 

Enquanto o incansável Comitê de Logística da Frente Nacional Contra o Golpe de Estado desenvolve um intenso e complicado trabalho para fazer chegar alimentos, água e outros produtos básicos para as pessoas que estão marchando, milhares de hondurenhos estão nas ruas e estradas do país, indo em direção à Tegucigalpa e San Pedro Sula.

 

“Estamos a 20 quilômetros de El Progreso, onde todas as pessoas que vêm do norte e do Atlântico se concentrarão –disse a Sirel Baudilio Andara, do Comitê Executivo da Central Unitária dos Trabalhadores de Honduras (CUTH)–.

 

Somos aproximadamente 2.500 pessoas, mas estamos chegando a outras comunidades onde se unirão a nós mais 500 pessoas.

 

Na região do ocidente –continuou Andara– as pessoas chegaram até Trinidad, no departamento de Santa Bárbara. São 4 mil pessoas e antes de chegar ao cruzamento de La Ceibita vão se unir mais 2 mil pessoas. Até agora, não tivemos nenhum problema com a Policía e as pessoas continuam muito otimistas, com muito ânimo e força. Também estamos recebendo bastante apoio da população em geral. Esperamos poder entrar em San Pedro Sula com umas 25 ou 30 mil pessoas”, concluiu o diretor da CUTH.

 

Na região central e ocidental do país a situação é muito similar, com destaque para a ótima organização e para o apoio popular a este incrível esforço.

 

“Saímos às 6 da manhã de Flores, no departamento de Comayagua, e estamos caminhando para alcançar a cidade de Zamorano antes que anoiteça –explicou Feliciano Martínez da Red Comal–.

 

Somos umas 3 mil pessoas provenientes de diferentes departamentos e que até agora já caminhamos 60 quilômetros. Amanhã vamos sair às 8 da manhã em direção a Marapica. Recebemos muito apoio nos lugares onde acampamos. Na primeira noite, o Instituto San Francisco nos ofereceu sua hospitalidade e hoje vamos dormir no Centro de Educação Básica de Zamorano.

 

A organização foi muito boa –continuou Martínez– e contamos também com o apoio das organizações populares e da população que nos alenta. As pessoas estão muito animadas e tenho certeza de que vamos continuar assim até Tegucigalpa”, concluiu.

 

Tegucigalpa resiste e avança

 

Na quinta-feira 6 e sexta-feira 7 de agosto passado, a capital testemunhou novamente a resistência do povo organizado contra o golpe de Estado.

Milhares de pessoas ocuparam novamente as ruas demonstrando não terem medo das forças repressivas que em dias anteriores reprimiram brutalmente a população e os estudantes universitarios.

 

O objetivo das duas marchas foi o de demonstrar o repúdio ao golpe, marchando bem diante das casas de reconhecidos golpistas, como o poderoso empresário e ex-presidente da República, Carlos Flores Facussé, e o questionado cardeal Oscar Andrés Rodríguez, bem como as instalações de instituições públicas e de empresas privadas, também vinculadas com o golpe, como o jornal El Heraldo, a Empresa Nacional de Energia Elétrica (ENEE) e o Instituto da Mulher (INAM).

Diante da embaixada dos Estados Unidos, milhares de pessoas pediram novamente que o governo norte-americano deixasse de falar e agisse com firmeza, tomando medidas políticas e econômicas que obriguem o governo de fato a retificar sua atitude golpista.

 

Houve também uma longa ocupação da estrada para o Oriente –saída para Danlí–, à qual se uniu por primeira vez o setor dos táxis, para caminharem depois para a Universidade Nacional Autônoma de Honduras (UNAH), que nos dias passados foi palco de fortes enfrentamentos entre estudantes e forças antimotins da Polícia.

 

Cantando frases de ordem e pintando as paredes com lemas contra o golpe, as milhares de pessoas que fazem parte da frente de resistência popular demostraram uma vez mais não estarem dispostas a se curvarem diante da violência do governo de fato e de seus aparatos repressivos, e de estarem prontas para saudar a chegada da Marcha Nacional de Resistência Popular.

 

“São 41 dias de luta e resistência, e hoje queremos dedicar este esforço aos estudantes universitários que foram reprimidos –disse Rafael Alegría, dirigente da Frente Nacional Contra o Golpe de Estado–.

 

Cada dia chega mais gente para lutar contra o golpe de Estado e espero que na próxima semana possamos ver algo grande, gigantesco, com a chegada da Marcha Nacional.

 

O povo demonstra muita força de vontade –continuou Alegría–, porque estão convencidos de que não podemos aceitar um regime fascista e golpista. O povo já decidiu que em Honduras os tempos mudaram e só podemos viver processos democráticos se avançarmos na institucionalidade do país. Não vamos esmorecer, muito pelo contrário, a cada dia vamos ser muitos mais”.

 

Sirel quis saber qual a opinião em relação aos Acordos de San José, que parecem estar pensados para restituir o presidente Manuel Zelaya em seu cargo, mas sem poderes, e tentar assim dar uma aparência de legitimidade ao processo eleitoral que já está em curso.

 

“Esta é a estratégia da oligarquia econômica nacional e de alguns países da comunidade internacional. Há coisas que não podem ser negociadas, como é o caso da restituição do presidente Zelaya, da ordem democrática, e da Constituinte.

 

O povo –continuou o membro da Frente Nacional Contra o Golpe de Estado– quer uma Constituinte para readequar o marco jurídico e político do país, e isso não pode estar em discussão. Não sabemos quando vamos fazer isso, mas é uma reivindicação do povo e vamos até o fim”, concluiu. 

 

Em Tegucigalpa, Giorgio Trucchi

Rel-UITA

13 de agosto de 2009

 

 

 

 Fotos: Giorgio Trucchi

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