internacional

Enviar este artículo por Correo Electrónico               

Honduras

A Resistência desafia o Decreto Executivo

que cerceia a liberdade de manifestação

São evacuadas duas pessoas da embaixada brasileira

 

Após a execrável clausura da Rádio Globo e do Canal 36, o governo de fato militarizou as ruas em torno da Universidade Pedagógica para impedir que milhares de hondurenhos marchassem para comemorar os três meses de resistência pacífica contra o golpe de 28 de junho próximo passado.

Juan Barahona

 

Desafiando a presença maciça de soldados e policiais, a Frente Nacional Contra o Golpe de Estado se manteve firme no seu rechaço ao ilegal Decreto Executivo que cerceia as mais importantes liberdades individuais e coletivas do povo hondurenho e, apesar dessas pessoas pela primeira vez não terem podido percorrer as ruas de Tegucigalpa, desacataram a ordem de dispersão e ocuparam a avenida em frente à Universidade, alguns sentados no chão, outros cantando músicas e slogans, e muitos se preparando para o pior.

 

Dezenas de membros do Comando Especial "Cobra" (COECO) já estavam prontos, com suas máscaras de gás, cassetetes e armas longas, reforçados com um tanque de jato d’água, mas felizmente a ordem de dispersão nunca chegou, e as partes puderam chegar a um acordo, evitando o que podia se transformar num verdadeiro massacre.

 

Minutos depois, os membros da direção colegiada da Frente Nacional Contra o Golpe de Estado proporcionaram uma conferência de imprensa, na qual leram o Comunicado número 26, onde, amparados pelo artigo 3 º da Constituição da República de Honduras, condenaram, rechaçaram e desconheceram “por completo o Decreto Executivo PCM-M-016-2009, divulgado por rede nacional na segunda-feira, 27 de setembro de 2009, pelo regime de fato de Honduras, através do qual tentam restringir as garantias constitucionais da população hondurenha em resistência, por um período de 45 dias, sendo esta mais uma demonstração das violações dos direitos humanos cometidas pela ditadura encabeçada por Roberto Micheletti e sustentada pelo Exército e pela Polícia Nacional, com o financiamento da direita empresarial”.

 

Segundo o referido comunicado, a Frente Nacional Contra o Golpe de Estado condena e rechaça o "covarde ataque armado executado pelo regime de fato contra as instalações do Cholusat-Sur-Canal 36 e a Rádio Globo, meios de comunicação independentes que acompanharam a luta popular contra o golpe de Estado, divulgando nacional e internacionalmente os nefastos fatos que ocorreram neste período negro da história nacional, e por isso declaramos a nossa solidariedade e apoio de todas as formas possíveis."

 

Finalmente, pediram ao povo hondurenho em Resistência para que não se deixasse atemorizar "pelas ações ilegais do regime golpista, que busca a todo custo paralisar a luta popular a fim de se consolidar no poder e continuar com o desprezo, a exploração e a humilhação a que nos têm submetidos", conclui o comunicado.

 

 

Para o dirigente sindical e membro da direção da Frente Nacional Contra o Golpe de Estado, Juan Barahona, "esse Decreto Executivo é uma demonstração clara de quem são os geradores da repressão e da violência.
 

Apesar de nos proibirem fazer manifestações, estamos desafiando este decreto e vamos permanecer aqui para defender a Pátria, o povo e os interesses coletivos. A partir de hoje, por decreto da resistência, todos os dias vamos nos reunir aqui na Universidade Pedagógica", concluiu Barahona.

 

Ao término da atividade, centenas de pessoas que ainda permaneciam no local foram andando em bloco até os escritórios do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Bebidas e Afins (STIBYS), de onde saíram para participar de forma maciça do enterro da jovem Wendy Elizabeth Ávila, membro dos motoristas da resistência e nova vítima da repressão militar.

 

Mais repressão

 

Em meio a uma campanha de terror orquestrada pelo governo de fato, em Honduras continuam os atos repressivos.

 

Segundo as informações fornecidas a este correspondente, o jovem jornalista do diário El Libertador, Delmer Membreño, foi preso ilegalmente pelos militares, enquanto ia cobrir o ataque à Rádio Globo, e fortemente espancado e torturado. Apagaram no seu corpo vários cigarros, sendo posteriormente abandonado à beira de uma estrada.

 

Enquanto isso, os membros de uma delegação de observadores dos Estados Unidos, Nicarágua, Guatemala e Espanha foram submetidos a um ataque de gás por parte da Polícia, provocando nas pessoas um forte mal estar. Esta ação foi denunciada às organizações de direitos humanos de Honduras.

 

Com relação à denúncia dos últimos dias, sobre a utilização de produtos químicos na Embaixada do Brasil, para afetar o Presidente Zelaya e as outras pessoas que já estão há nove dias encerradas, os peritos -que pediram anonimato- realizaram exames exaustivos e revelaram altas concentrações de Césio 132, de cloroacetofenona e de ortoclorobenzilidenmalononitrilo (agentes lacrimogêneos usados principalmente para reprimir distúrbios).

 

Nas últimas horas, duas pessoas foram evacuadas devido ao seu delicado estado de saúde

 

 

Em Tegucigalpa, Giorgio Trucchi

Rel-UITA

29 de setembro de 2009

 

 

 

+ INFORMACIÓN

 

 

  UITA - Secretaría Regional Latinoamericana - Montevideo - Uruguay

Wilson Ferreira Aldunate 1229 / 201 - Tel. (598 2) 900 7473 -  902 1048 -  Fax 903 0905