04.03.02

El Salvador

A sensibilidade social da Nestlé

Quando o ridículo toca as raias da falta de respeito

 

Se são necessários ¢ 8,75 (colones) para comprar um dólar, quanto representam ¢ 0,05 em moeda estadunidense?... Nada! Cinco centavos de colón não são nada! Mas essa foi a proposta inicial, de aumento salarial por hora, feita pela transnacional Nestlé nesse país centro-americano.

As negociações entre a empresa Nestlé e o sindicato dos trabalhadores (SETNESSA), tendentes à assinatura de um novo acordo coletivo, tiveram início no último mês de janeiro. Agora, uma vez concluída a fase de negociação direta, as partes encontram-se em processo de conciliação obrigatória, no Ministério do Trabalho. O que aconteceu? Por que não foi alcançado o acordo?

Em geral, no começo de toda negociação, são postas em prática certas dinâmicas, a fim de avaliar a distância entre aquilo que é demandado e aquilo que é ofertado; no caso, entre o que reivindica o Sindicato e a proposta da Nestlé. A experiência indica, também, que esses primeiros encontros permitem ter uma idéia do cenário no qual se desenvolverá a negociação, o seu âmbito e, até, a sua duração. A proposta lançada pela Nestlé marcou o campo de ação: um incremento de ¢ 0,05 por hora, e a seguinte mensagem subjacente: eu farei que aumento e vocês farão que reclamam.

O que aconteceria se o Sindicato aceitasse a “proposta”? O trabalhador teria que labutar 20 horas, para transformar esse incremento em um colón; e 175 horas (22 jornadas, aproximadamente), para receber um dólar.

Nem é preciso dizer que o Sindicato rejeitou essa proposta. Dá para imaginar a cena: a Nestlé chama os seus assessores, faz as contas, consulta lá e cá, e joga uma nova cartada, oferecendo um aumento de ¢ 0,07 por hora. Agora, façamos a seguinte operação, que evidencia a generosidade da transnacional suíça: com um dólar, a Nestlé poderia pagar o aumento proposto a 125 trabalhadores... mas, na planta, trabalham 89.

Na fase de negociação direta, foram realizadas dez reuniões, tendo feito a Nestlé sete propostas, até chegar à oferta de ¢ 0,19 de aumento por hora. Se o trabalhador destina, em média, ¢ 6,00 a transporte, considerando o incremento proposto, ele deverá trabalhar quase 32 horas para chegar até a fábrica. Assim de simples, assim de injusto!

As últimas notícias de que dispomos indicam que, durante a conciliação no Ministério do Trabalho, a Nestlé ofereceu um aumento de ¢ 0,20 por hora, esclarecendo que um maior incremento a obrigaria a abandonar o país. Essa posição evidencia, pelo menos, duas coisas. Em primeiro lugar, que a Nestlé não leva fé nas negociações: seja lembrada a oferta inicial de ¢ 0,05, agora multiplicada por quatro, o que continua sendo nada. Em segundo, a evidente chantagem ao governo, através do Ministério do Trabalho, ameaçando retirar do país os seus investimentos.

Quando você pensa na Nestlé, é possível que visualize o seu logo (um adorável ninho, com um passarinho alimentando a sua cria), vidros de café, barras de chocolate, ou, talvez, algum produto lácteo. Mas a Nestlé é a maior transnacional de produtos alimentares do mundo. É uma companhia cujas vendas, só no ano 2000, atingiram a bagatela de US$ 50 bilhões, que, nos últimos tempos, tem realizado aquisições por US$ 11.375 bilhões, e, atualmente, está negociando a compra da gigante brasileira de chocolates Garoto.

Por isso, ao ver produtos ou propaganda da Nestlé, pense, também, nos seus trabalhadores e trabalhadoras, em El Salvador, e ofereça o seu apoio ao SETNESSA, remetendo a sua preocupação e protesto à:

Nestlé

Paul Broeckx, Responsable Global Recursos Humanos
 paul.broeckx@nestle.com

 

E, por favor, anexe cópia à Rel-UITA

uita@rel-uita.org

 

Gerardo Iglesias

Sec. Regional UITA

 

 

UITA - Secretaría Regional Latinoamericana - Montevideo - Uruguay

Wilson Ferreira Aldunate 1229 / 201 - Tel/Fax (598 2)  900 7473 -  902 1048 - 903 0905