Argentina

 

Com José Enrique Marcos, da CC.OO, Espanha
As marcas brancas:
um futuro escuro

 
Participou representando a confederação Comissões Operárias (CC.OO) de San Sebastián, País Basco. A Conferência do Setor Lácteo da UITA foi sua primeira experiência internacional, onde foi vivenciado um problema em comum: as marcas brancas.

 

 

-Quais as suas expectativas sobre a Conferência Internacional?

-O que mais me surpreendeu, além dos excelentes relatórios técnicos e sindicais, foram o entusiasmo e compromisso assumidos por todos os delegados e delegadas.


 
-Uma das coisas que marcaram esta conferência foi verificar que os problemas são semelhantes tanto na América Latina como na Europa ...

-Sim, isso ficou bem claro. O relatório da Federação, que socializei na Conferência, toca em muitas outras realidades de muitos outros países.


-Por exemplo, o impacto das marcas brancas que vocês abordaram no relatório…

-Exatamente. No ano passado, a nossa Federação fez um interessante estudo de Marcas da Distribuição (MDD), ou marcas brancas, que são um fator decisivo no comportamento dos preços na cadeia de valor do leite líquido.


Em 2008, estas marcas representavam mais de 52 por cento de todo o consumo de leite líquido na Espanha em volume e 45 por cento em valor.

 


-Conheço o relatório, que também fala das diferenças entre trabalhar para uma empresa de MDD e para uma de marca própria...
-Sim, como regra geral, as condições econômicas e sociais dos trabalhadores e trabalhadoras empregados em empresas que elaboram MDD, são de 40 a 200 por cento inferiores às dos trabalhadores que trabalham na elaboração de marcas próprias.

 
O estudo realizado pela Federação verificou que, entre uma empresa que elabora para uma marca branca e uma marca própria
no setor lácteo, a diferença em salário/hora chega a alcançar 74,16 por cento e, no setor da carne, chega a 71, 31 por cento.
 
-Se isso não tiver um freio, esta tendência continuará e impactará negativamente o setor primário e a indústria ...

-Em muitos casos, o preço do leite líquido elaborado pelas marcas brancas é utilizado pelas grandes áreas de venda do varejo (hipermercados) para atrair clientes, mas o que o consumidor não sabe é que isso vai em detrimento de toda a cadeia de produção.
 
Como já afirmei, as condições de trabalho são muito piores nas empresas de marcas brancas, e se presume que
a mudança no modelo de produção terá um impacto negativo sobre os direitos sociais conquistados pelos sindicatos em mais de 25 anos de luta.
 
-Como você
interpreta o fato de ter sido aprovada, por unanimidade, a criação de um Departamento Lácteo na UITA a nível mundial?
-Como algo muito importante e necessário. É uma forma de dar prosseguimento a tudo o que analisamos e refletimos aqui na Conferência. Ficou muito claro que as barreiras e desafios que enfrentamos e enfrentaremos serão enormes, e só poderemos superá-los com unidade e mobilização de todas as organizações no mundo inteiro.
 

Em Sunchales, Gerardo Iglesias

Rel-UITA

22 de março de 2010

 

 

 

 

 

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