Espanha  │ SOBERANÍA ALIMENTAR

 

 

Nos últimos sete anos,

foram fechados 86 por cento dos estabelecimentos produtores de leite espanhóis

A Plataforma Rural apoia as mobilizações convocadas pela COAG no setor lácteo

 

 

A grave situação do setor lácteo e o eminente fechamento de propriedades produtoras de leite ameaçam a conservação do meio rural em muitas regiões produtoras da Espanha.

De 1991 até agora desapareceram na Espanha mais de 120.000 propriedades produtoras de leite, e a tendência é que isto só piore. 

É preciso priorizar o carácter estratégico da agricultura e do gado para evitar a dependência com o exterior e o encarecimento dos alimentos, defendendo o principio de soberania alimentar

 

Vivem e trabalham os 365 dias do ano em nossos povos, geram trabalho para suas famílias e criam alguns empregos novos, transformam muitos dos produtos agrícolas locais, produzem alimentos básicos como o leite e a carne, administram o território, os bosques...

 

O desaparecimento dos produtores de leite de nossos povos é uma barbaridade social, econômica e meio ambiental, e é também uma irresponsabilidade política de dimensões catastróficas. Mas o caminho parece apontar nessa direção.

 

Muitos pecuaristas estão sendo obrigados a abandonar suas propriedades. Sua permanência no meio rural e a conservação do meio ambiente e da paisagem estão sendo ameaçadas.

 

As práticas comerciais abusivas e motivadas pelas grandes cadeias de distribuição de origem francesa e alemã estão provocando a queda dos preços, e se somamos a isto o aumento sem precedentes do custo das rações, teremos uma situação insustentável.

 

Além disso, os graus de intensificação e de dependência na alimentação dos animais causados pela política de laticínios europeia, executada a partir do governo espanhol e das Comunidades Autônomas, são importantes fatores desta grave situação vivida pelo setor, devido à sua subordinação -e vulnerabilidade- por conta da especulação nos mercados mundiais dos cereais.

 

Neoliberalismo e corporações:

extermínio da produção de leite local

 

A Plataforma Rural se une às mobilizações convocadas pela Coordenadora de Organizações de Agricultores e Pecuaristas (COAG, na sigla em espanhol) diante da situação de alarme vivida pelos pecuaristas.

 

Este alerta é gerado pela queda dos preços do leite cru, pelo aumento sem precedentes dos custos da ração animal, e pelas suas consequências para a manutenção e conservação dos povos e do meio rural.

 

Enquanto em 1992 o número de produtores de leite na Espanha era de 145.004 (Anuário COAG, 2005), hoje, em 2012 não restam mais de 20.000 (FEGA).

 

De 1991 até agora desapareceram na Espanha mais de 120.000 propriedades produtoras de leite, e a tendência é que isto só piore.

 

Enquanto em 1985 tínhamos na Espanha 1.891.000 vacas de ordenhe (Anuário de Estadística do MAGRAMA), em 2012 o número de vacas de ordenhe produzindo passou a ser de 863.640 (DG Produções e Mercados do MAGRAMA). A queda no número de cabeças foi de 45 por cento.

 

A soberania alimentar

sob as garras do mercado

 

Desde meados de 2010, vem se dando uma nova crise alimentar mundial provocada pelo aumento sem precedentes dos preços de algumas matérias primas agrícola e pelos abusos da grande distribuição alimentar.

 

O mercado não regula, mas se comporta de forma especulativa, ocasionando graves problemas de alimentação em muitas partes do mundo. É preciso priorizar o carácter estratégico da agricultura e da pecuária para evitar a dependência com o exterior e o encarecimento dos alimentos, defendendo o princípio da soberania alimentar.

 

Como é possível que as propriedades produtoras de leite estejam desaparecendo, quando o nosso país tem um déficit de 3 milhões de toneladas de leite por ano?

 

O desmantelamento da Política Agrária Comum (PAC), depois da reforma de 2003, e a liberalização do comércio foram um grave erro político cujas consequências estão sendo pagas por agricultores, pecuaristas, consumidores e habitantes do meio rural.

 

A atual PAC está supeditando-se aos acordos da OMC e os tratados de livre comércio que colocam a agricultura e a alimentação na especulação dos mercados internacionais, trazendo as referidas consequências para a população rural e urbana.

 

Este tipo de políticas também tem consequências nefastas sobre o tecido produtivo agrário espanhol, estratégico para um país como o nosso.

 

Para a Plataforma Rural não cabe a menor dúvida: um mundo rural vivo será mais viável e possível se os pecuaristas puderem continuar  exercendo sua profissão.

 

  

 

 

Plataforma Rural

21 de setembro de 2012

 

 

 

 

 

 

Foto: Gerardo Iglesias

 

 

 

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