Uma missão, integrada 
por todas as centrais 
brasileiras, partiu para 
Genebra, Suíça, no 
sábado passado, 31 de 
outubro, para se reunir 
com as altas hierarquias 
da Organização 
Internacional do 
Trabalho (OIT), junto a 
qual apresentarão queixas formais contra o 
governo do Brasil. 
 
A missão destina-se a apresentar ao 
diretor geral da OIT, Juan 
Somavia, uma denúncia do movimento 
sindical brasileiro contra o Ministério 
Público do Trabalho do atual Governo 
que, de acordo com Neuza Barbosa, 
secretária nacional de Planejamento e 
Requalificação Profissional da Força 
Sindical e membro do Comitê 
Executivo Latino-Americano da UITA, 
“intervém 
há anos e frequentemente na vida 
sindical, interferindo principalmente no 
fluxo normal das contribuições dos 
trabalhadores e trabalhadoras para os 
seus sindicatos”. 
 
É bastante comum que esta 
Secretaria de Estado obrigue os 
sindicatos a assinar declarações de 
"ajuste de conduta" que agridem, limitam 
e ameaçam a liberdade sindical. 
 
Neuza 
afirmou ao Sirel que foram feitas 
várias tentativas para modificar o 
comportamento do Ministério do Trabalho, 
mas sem êxito. "Agora 
esta missão oficializará a denúncia 
junto à OIT, já que as centrais entendem 
que se trata de uma prática 
anti-sindical que interfere na 
capacidade financeira das organizações, 
complicando e limitando as 
suas ações. A intenção parece ser a de 
acabar com a organização sindical." 
 
Este comportamento, inclusive, foi 
intensificado nos últimos anos, 
parecendo ser uma nova modalidade de 
inibição da ação sindical, que foi 
implementada pela Justiça do Trabalho 
através dos chamados "interditos 
proibitórios", 
que consistem na proibição de os 
sindicatos realizarem Assembleias ou de 
fazerem qualquer outra manifestação nas 
portas dos locais de trabalho, sob a 
ameaça de sofrerem multas siderais. 
 
"Nós entendemos que, se a justiça tem 
suspeitas concretas de que um sindicato 
mantém práticas que lesam os direitos 
dos trabalhadores 
–Neuza 
frisou–, a justiça deve agir conforme o 
previsto, como determina a lei, 
investigando e punindo os culpados, mas 
não é correto interferir nas negociações 
dos trabalhadores, intervindo e 
influenciando nos Convenios Coletivos, 
porque isso é muito prejudicial aos 
trabalhadores e às suas organizações ", 
concluiu. 
 
Além disso, a Justiça do Trabalho 
condenou algumas organizações sindicais 
a devolver somas astronômicas de 
dinheiro em função de contribuições 
recebidas anos atrás e que a Justiça 
entende que foram indevidamente 
recebidas, sob pena de aplicar um 
sistema de multas e juros que tornam a 
suposta dívida ainda mais impagável para 
os sindicatos.