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Em cumprimento à decisão da assembléia geral dos 
trabalhadores da Cargill, o Sindicato dos Trabalhadores da 
Alimentação de Uberlândia (MG) entregou o aviso de GREVE 
para a gerência de RH da empresa nesta sexta-feira, dia 16 
de março, cumprindo o que determina a Lei de Greve, ou seja, 
comunicar a empresa da paralisação com 48 horas de 
antecedência. Isso significa que os trabalhadores da Cargill 
podem paralisar o trabalho legalmente a qualquer momento, a 
partir das 10 horas do domingo 18 de março, em defesa da 
reivindicação do ticket alimentação de R$ 200,00. 
  
  
A decisão de decretar o ESTADO DE GREVE foi tomada 
pelos empregados do complexo industrial da Cargill de 
Uberlândia no último dia 13 de março.  
  
O motivo é a insatisfação generalizada com a proposta de 
ticket alimentação feita pela empresa. A proposta R$ 60,00 
por mês foi considerada pelos trabalhadores presentes à 
assembléia um “abuso” e uma “afronta” à 
categoria, a qual possui fábricas muito menores em sua base 
que pagam ticket alimentação em valores bem superiores ao 
oferecido pela multinacional. 
  
A reivindicação dos empregados da Cargill de Uberlândia 
é de um ticket alimentação no valor de R$ 200,00 por mês. 
Até o fechamento desta matéria, a empresa ainda insistia na 
proposta de R$ 60,00, porém retroativa à última data-base da 
categoria (setembro de 2011).  
  
Segundo os trabalhadores consultados pelo Sindicato, o 
“cala-boca” de R$ 360,00 a título de retroativo não muda em 
nada o fato da empresa querer pagar uma miséria de ticket 
alimentação. 
  
O Sindicato avisou que irá convocar uma nova assembléia 
geral dos trabalhadores da Cargill para avaliar esta 
proposta e, se for o caso, dar início imediato à GREVE 
no complexo de Uberlândia. 
  
O complexo industrial da 
Cargill  
em Uberlândia   
Na véspera da assembléia que decidiu pelo Estado de Greve, 
a Cargill comemorou 26 anos da construção de seu 
complexo industrial em Uberlândia. Responsável pelo 
processamento de soja, milho e produção de ácido cítrico, a 
unidade, segundo a própria Cargill, é “um marco importante 
na história e no desenvolvimento tecnológico da Cargill no 
Brasil”. 
  
O 
Complexo Industrial da Cargill em Uberlândia inclui 
as fábricas de processamento de soja, milho e acidulantes, 
com geração de aproximadamente 861 empregos diretos 
na região do Triângulo Mineiro.  
A 
unidade produz os óleos de soja Liza e Veleiro, 
além de insumos usados na produção de lácteos, balas, 
confeitos, bebidas e pães. Alguns insumos produzidos no 
complexo são usados, inclusive, pela indústria de papel e 
nutrição animal.   
A primeira fábrica do complexo da Cargill foi fundada 
em 12 de março de 1986, para processamento da soja produzida 
em Minas Gerais, sul de Goiás e Mato Grosso. A cidade foi 
escolhida pelas vantagens logísticas e facilidade de acesso 
a matéria-prima.    
Essas vantagens competitivas foram importantes para 
alavancar os negócios da Cargill no Brasil e atrair 
novos investimentos da empresa. Em 1990, foi construída a 
fábrica de Amidos e Adoçantes e, posteriormente, em 2000, a 
fábrica de ácido cítrico.   
No início de 2010, o complexo da Cargill em Uberlândia
recebeu investimentos adicionais da ordem de R$ 208 
milhões, que permitiram um aumento de 60 por cento na 
capacidade de processamento de milho, matéria-prima para a 
fabricação de amidos e adoçantes utilizados pela indústria 
alimentícia.  
  
O lucro liquido da Cargill no Brasil em 2010, segundo o 
balanço financeiro da empresa divulgado em 2011, foi da 
ordem de R$ 92 milhões. 
Ainda não foram divulgados os resultados financeiros do ano 
passado. 
  
À vista de tudo isso, será que é um ticket alimentação de R$ 
200,00 vai quebrar a Cargill? Ou será que é a direção da 
empresa que não está nem aí para os seus empregados? 
  
Se for esse o caso, ela vai descobrir que é mais barato 
conceder a reivindicação, do que manter um complexo 
industrial desse tamanho parado por falta de trabalhador 
para operar as máquinas... 
  
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