Há uma
década o sul do Piauí e Maranhão iam desenvolver com a soja.
Sujou! Quase todo o Cerrado dessa região já foi destruído.
No Piauí 60% da área
agricultável está desmatada e no Maranhão esse índice já chega a 90%.
Promoveu-se grandes desequilíbrios sociais com a favelização das cidades,
prostituição e miséria nas periferias urbanas, êxodo rural intenso,
o comprometimento da bacia hidrográfica do Rio Parnaíba e grande prejuízo
aos Estados por conta das isenções fiscais.
Os empregos
prometidos pelo agronegócio da soja ficaram na retórica e tão somente no
papel, o desenvolvimento prometido até hoje não chegou.
O que se tem mesmo é a
destruição implacável da Natureza e o comprometimento das relações
ambientais e sociais.
Agora dizem que o Piauí e o Maranhão vão se desenvolver, transformando-se
numa grande ROÇA DE MAMONA. Até o Presidente da República, Lula, veio ao
Piauí prometer dinheiro para esse famigerado desenvolvimento. Vai dar água
na mamona, mas não é água de chuva! Chuva vai é faltar; o Rio Parnaíba vai
secar, e as floresta serão desmatadas, e o calor vai ficar insuportável. Não
vai sobrar nem um "taquinho" de Cerrado para contar história. Nunca é demais
alertar: "o
povo não come mamona, come arroz e feijão".
E a cana? A cana vai dar cano... no povo. Mas deveria mesmo é dar "cana" nos
políticos, esses "caras-pálidas" sem escrúpulos e desprovidos de qualquer
compromisso com a sociedade. A cana é a outra "riqueza", que vai contribuir
para aniquilar o que ainda resta dessas florestas e rios. É importante dizer
que a Natureza quando faz a cobrança, cobra a todos indistintamente. Será
que sua vida não é mais importante que o lucro de algumas empresas e a
reeleição de alguns políticos. Pense bem sobre isso. E o futuro de seus
filhos, será possível com a Natureza destruída?
A conseqüência mais grave e imediata do
direcionamento da produção agrícola do país para
agrocombustíveis (mamona e cana-de-açúcar no caso do
Piauí e Maranhão) é uma diminuição da produção
agrícola de alimentos, que contribuirá decisivamente
para o aumento do preço da comida |
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Ah! O eucalipto.
É o outro empreendimento para concluir a dizimação dessas riquezas naturais.
No Cerrado são mais de 600 espécies por hectare.
Tudo arrancado pela raiz para colocar uma monocultura, o eucalipto.
Com a soja,
mamona, cana, eucalipto, carvão e lenha no Cerrado do Piauí e do Maranhão
nada sobrará, apenas rios secos e desertos. As populações do Piauí e do
Maranhão precisam ficar atentas para o desenvolvimento que está sendo
prometido pelos governos dos dois Estados.
Esse desenvolvimento já se desdobra em grandes desequilíbrios ambientais
onde a natureza cobra de todos com furacões, secas e inundações.
A conseqüência mais grave e imediata do direcionamento da produção agrícola
do país para agrocombustíveis (mamona e cana-de-açúcar no caso do Piauí e
Maranhão) é uma diminuição da produção agrícola de alimentos, que
contribuirá decisivamente para o aumento do preço da comida. Essa nova
empreitada do capitalismo mundial dá sinais de um futuro estarrecedor sendo
a fome e as tragédias ambientais o foco dos noticiários na mídia mundial.
Essa preocupação já foi inclusive externada pelo secretário geral da ONU,
Ban Ki-moon.
No Piauí, a exemplo, não existe um modelo integrado de gestão do setor
agropecuário com o meio ambiente que garanta a implementação de projetos
para o desenvolvimento sustentável. Esse fato contribui terminantemente para
o desequilíbrio ambiental e social que se processa no Estado.
No Piauí, a
queda da safra de arroz, feijão, fava e milho já é de 21,3%. Comprometer a
produção de alimentos para privilegiar a produção de agrocombustíveis não é
a alternativa mais sensata.
Este é o "desenvolvimento" que os Governo dos dois Estados estão prometendo.
Mas,é promessa de políticos... Talvez seja só para ludibriar o povo. Quem
sabe termina não acontecendo. Vamos torcer para isso.
Judson
Barros*
20 de agosto de 2007
* Membro da Academia de Letras, História e Ecologia de Pastos
Bons-MA. Ambientalista da Fundação Águas. Secretário Geral do FONASC-CBH
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