A
Comissão Sindical dos Trabalhadores da AmBev do Estado de
São Paulo (COSTAESP) não conseguiu finalizar as negociações
coletivas em cinco das seis fábricas que representa, mas
está otimista diante dos avanços obtidos desde o começo do
processo de negociação. Sirel conversou com Anderson
“Batata” Bernardes, dirigente do Sindicato de Trabalhadores
da Alimentação de Guarulhos, que falou sobre o
prosseguimento do plano de mobilizações e sobre os próximos
passos da Comissão, uma vez reiniciadas as negociações.
Anderson “Batata” Bernardes |
-Em que etapa se encontra o plano de mobilizações da
COSTAESP?
-A última mobilização que realizamos foi em Guarulhos.
Estivemos diante da fábrica, detivemos os companheiros
para explicar que não assinaremos aceitando menos do
que o assinado em Jacareí. Das fábricas que
representamos no Estado de São Paulo, a única que
assinou o acordo foi a de Jacareí, que
chegou a um aumento salarial real (2%) e a uma
redução da jornada de trabalho (40 horas semanais).
Não chegamos a um acordo nas outras fábricas, e esta é a
primeira vez em que não se chega a um acordo antes do
fim do ano em Guarulhos. Nosso objetivo é obter a
equiparação dos Convênios de todas as fábricas.
-Qual foi a atitude da
AmBev,
diante destas reivindicações?
-A empresa melhorou de atitude desde o começo das
negociações, já que no princípio eles se negavam a
negociar com a Comissão. Paulatinamente foram
aceitando, a tal ponto que atualmente as negociações
acontecem sempre com a participação de, pelo menos, um
representante da COSTAESP.
Este avanço na relação com a
AmBev
não significa que houve avanços em conquistas concretas
para os trabalhadores já que ainda estamos lutando pela
equiparação de benefícios para todas as unidades do
Estado. A empresa quer negociar com a Comissão,
mas mantendo a individualidade de cada região e de cada
sindicato, e nosso objetivo é exatamente o oposto, a
unificação de todas as regiões e de todos os sindicatos
no âmbito nacional e regional por meio da Federação
Latino-Americana de Trabalhadores da
AmBev
da UITA.
-Como você avalia a participação da COSTAESP ao longo do
processo de negociação?
-A maior conquista desta Comissão foi a unificação
dos 6 sindicatos do estado: Agudos, Guarulhos,
Jacareí, Mogi Mirim, Jaguariúna e
Jundiaí. Nossa meta é que este processo se estenda para
o nível nacional, aos outros estados onde a
AmBev
está presente.
Estamos organizando um Seminário a nível nacional para que
os companheiros de outros estados comecem a participar. A
pressão exercida pela criação da COSTAESP é notória,
posto que a empresa cedeu à pressão de nossa organização em
vários aspectos. A
AmBev
está repensando pontos como a participação nos lucros, o
aumento salarial baseado na porcentagem total da inflação e,
se por um lado conserva certa intransigência em sua política
de trabalho, avançou bastante desde que formamos a
Comissão em julho deste ano.
-Quando as negociações serão retomadas?
-Voltaremos a nos reunir na segunda quinzena de janeiro.
Para esta oportunidade, conseguimos convocar para a mesa de
negociações, além dos gerentes locais, um alto funcionário
da corporação a nível nacional. O objetivo da presença desta
direção é abordar as reivindicações como Comissão,
reclamando os benefícios que eles mesmos mencionam como
corporativos como, por exemplo, os convênios médicos,
convênios odontológicos, entre outros.
-Que medidas vocês tomarão se não chegarem a um acordo?
-Por este ano suspendemos as negociações em Guarulhos
e vamos realizar uma mobilização, mais com o objetivo de
explicar aos companheiros o porquê de não se assinar acordos
neste período. No caso da empresa não aceitar as nossas
reivindicações, definiremos um plano de ação mais agressivo,
com a conseqüente paralisação das fábricas.
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