Nicarágua

Os trabalhadores da Coca-Cola em Assembléia

A organização, a luta e a memória

Centenas de sindicalizados e sindicalizadas do Sindicato Único de Trabalhadores da Coca-Cola FEMSA se reuniram em Assembléia Geral para examinar o novo Convênio Coletivo assinado com a empresa no dia 14 de junho passado e realizar a eleição da nova Junta Diretiva do Sindicato.

 

Antes de apresentar o relatório sobre o processo de negociação e assinatura do novo Convênio que vigorará por dois anos, o Secretário Geral do SUT, Daniel Reyes Sánchez, agradeceu a presença de um membro do departamento de Imprensa da Rel-UITA e o apoio que a Internacional ofereceu ao longo do conflito com a empresa. Além disso, recordou a todos os presentes o significado de fazer parte de um sindicato e a importância de se manter uma atitude firme e sem vacilações frente às investidas da transnacional.

 

“Se é certo que as empresas transnacionais vêm ao nosso país e geram emprego, e agradecemos por isso, ao mesmo tempo sabemos perfeitamente que não poderia existir nenhuma empresa sem a participação dos trabalhadores e das trabalhadoras”. Sabemos também que, para o empresário, pouco importam os direitos humanos do trabalhador, e nós temos o exemplo de Rolando Calero, despedido injustamente depois de sofrer um grave acidente de trabalho, e hoje nos tribunais, onde continuamos lutando por sua reintegração.

 

Nossa obrigação, como trabalhadores e trabalhadoras, é de procurar a unidade, lutar por nossos direitos com firmeza, participando de todas as atividades do Sindicato. “É tempo de sermos solidários entre nós, realizando nosso trabalho com honradez, eficiência e retidão”, afirmou Reyes em sua primeira intervenção.

 

Durante a Assembléia realizada no último domingo 18, foram analisados os pontos mais importantes do Convênio Coletivo, onde vários avanços foram conquistados. Entre outros pontos, foi garantida a estabilidade no trabalho, foram conseguidos incrementos nas bolsas para despesas escolares, bem como nas bonificações de “Assistência Perfeita” e Produtividade. Também foi conseguido um aumento na liquidação no momento da aposentadoria e uma revisão dos salários a cada 1º. de abril.

 

Quase no final da atividade, Daniel Reyes tomou novamente a palavra e manifestou: “Quero enfatizar um aspecto. Nesta atividade estamos entregando a vocês uma cópia do Convênio Coletivo, para que cada um de vocês possa lê-lo e estudá-lo com muita atenção. Foi a custa de muito sacrifício, mas finalmente conseguimos. Devemos manter presente que as conquistas não vêm por si sós, são conquistadas lutando com muito suor, todos os dias. Agora, a tarefa de todos e todas será defendê-lo. Não devemos nos esquecer de 1978 e 1979, quando quatro companheiros caíram lutando por este projeto. Foram assassinados pelo fato de exigir a discussão de um Convênio Coletivo com a empresa, mas a Guarda Somozista não perdoou, e por isso morreram. Em nosso gabinete no sindicato há uma placa que recorda estes queridos companheiros.

Hoje não existe a Guarda Nacional de Somoza, mas existem os que compram consciências, os que vivem violentando os princípios elementares da classe trabalhadora. Somos assalariados, somos gente humilde, do povo, gente de bairro. Assim nascemos e assim vamos morrer, com dignidade e seguindo nossos princípios”, concluiu Reyes.

 

No final da atividade, a Assembléia geral, por unanimidade, decidiu apoiar a Junta Diretora que saía para um novo período.

  

Em Manágua, Giorgio Trucchi

© Rel-Uita

26 de junho de 2006

 

 

 

 

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