Perú

O Absolutismo da SABMiller

tenta decapitar o sindicato

  

A liberdade sindical dos trabalhadores da San Ignacio SA -empresa responsável pela distribuição e venda dos produtos da União das Cervejarias Peruanas Backus e Johnston- subsidiária da SABMiller, está em risco desde o dia 30 de dezembro, dia em que usando de uma carta registrada despediram o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores de San Ignacio S.A. (SITRASANIGSA), situação que voltará a ser negociada nesta quarta-feira dia 20 de janeiro, em uma reunião extraordinária.

 

No dia 7 de dezembro, Sacha Muntoni Copello, gerente geral da San Ignacio S.A. tomou nota que Walter Lozada, secretário-geral do SITRASANIGSA, havia incorrido em faltas graves, segundo uma auditoria feita nos trabalhos designados ao dirigente sindical, no mês de outubro.

 

“Acusam-me de violação da cláusula geral da boa-fé no trabalho. Na carta de demissão também me responsabilizam por um cartaz que estava em um lugar não apropriado e de que um cliente havia comprado garrafas vencidas”, disse ao Sirel o secretário-geral do SITRASANIGSA.

 

Diante da demissão do seu líder sindical, o SITRASANIGSA convocou para os dias 28 e 29 de janeiro uma greve de 48 horas para reivindicar a sua reintegração e o afastamento do gerente Pedro Baca Minetti, pois o responsabilizam por esta demissão.

 

Hoje, quarta-feira 20 de janeiro, os representantes do SITRASANIGSA e os representantes da empresa comparecerão ao Ministério do Trabalho para uma reunião extraordinária com o propósito de tentar conciliar as divergências.

 

Lozada também enfatizou que solicitaram uma inspeção por violação à liberdade sindical, por hostilizarem os trabalhadores sindicalizados, bem como por demitirem o secretário de atas e arquivo e o secretário-geral do sindicato.

 

“Há uma perseguição aos trabalhadores sindicalizados e em particular aos dirigentes. Os outros trabalhadores não têm nenhum problema com a empresa. Acionamos esta nova inspeção porque ao violar a liberdade sindical o infrator é multado e com isto pretendemos frear esta situação.”

 

O dirigente sindical denunciou o fato de os trabalhadores serem obrigados a realizar as atividades daqueles companheiros que estiverem doentes, porque a empresa não conta com um Plano de Contingência, ou seja, não existem estratégias de ação para cobrir situações de emergência. Portanto, eles simplesmente aumentam a jornada de trabalho sem o respectivo pagamento pelas horas extras.

 

A história da terceirização

 

O Ministério do Trabalho realizará uma inspeção por descaracterização da Lei de Terceirização, cuja equipe de inspetores já avançou a investigação em 90%, já visitou as distribuidoras e já percebeu “que há um contrato descaracterizado porque trabalhamos com os produtos no local e com os caminhões da Backus”, explicou Lozada.

 

Segundo o dirigente sindical, a lei de terceirização foi descaracterizada pela Backus “para esquivar os direitos dos trabalhadores e agora estamos solicitando diante de um juiz trabalhista para que sejam reconhecidos todos os nossos direitos. Já somos 25 trabalhadores entrando com processos para que se aceite que desde o primeiro dia de trabalho já sejamos trabalhadores da Backus”, disse.

 

De acordo com o Regulamento da Lei de Terceirização de Serviços, Decreto Supremo Nº 006-2008-TR do dia 12 de setembro de 2008, um dos requisitos é que: “1) a empresa assuma os serviços prestados por sua própria conta e risco; 2) que a empresa terceirizadora conte com os seus próprios recursos financeiros, técnicos e materiais; 3) que a empresa terceirizadora seja responsável pelo resultado das suas atividades, e 4) que os trabalhadores da empresa terceirizadora estejam sob a exclusiva subordinação desta”.

 

O secretário-geral do SITRASANIGSA afirmou que não estão sozinhos na luta pois contam com o apoio do Sindicato Nacional de Operários Backus e Johnston, em especial com o apoio de Antonio Silupu, secretário da organização e Nilton Flores, secretário-geral. Também contam com o apoio do setor Alimentos, Bebidas e Afins da Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru (CGTP-ABA).

 

 

Em Lima, Julia Vicuña Yacarine

Rel-UITA

22 de janeiro de 2010

 

 

 

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