Na opinião de Siderlei de Oliveira, presidente da
CONTAC e do Instituto Nacional de Saúde, Trabalho
e Meio Ambiente (INST) da CUT, “A reunião
da Comissão Nacional de Trabalhadores da AmBev é
conseqüência da forma como a empresa está tratando os
trabalhadores, aplicando instrumentos claramente
mortificantes. Esta realidade é tão forte que motivou a
reunião dos sindicatos da AmBev de quatro
centrais: além da CUT e da Força Sindical,
estiveram presentes as organizações da Nova Central
Sindical e da Central Geral dos Trabalhadores do
Brasil (CGTB)”.
“Nesta reunião pudemos constatar diversos fatos
-continuou Siderlei-, como a pressão com a qual a
AmBev pretende impor os ‘bancos de horas’, em um
momento onde, no Brasil, os sindicatos e as
centrais de trabalhadores estão lutando por uma redução
da jornada de trabalho e pela eliminação dos excessos no
ritmo de trabalho nas fábricas. Se a AmBev é a
maior cervejeira do mundo, não conseguimos entender,
como é que ao mesmo tempo seja uma das empresas que pior
trata os seus trabalhadores como, por exemplo,
coagindo-os para lhes impor suas políticas, ameaçando
com o fechamento de fábricas, promovendo o enfrentamento
entre trabalhadores, entre outras coisas”.
Siderlei
afirmou que “Isto não pode continuar assim. Primeiro
faremos coordenações e ações a nível nacional, e depois
no âmbito internacional, porque sabemos que esta
multinacional está aplicando as mesmas políticas e
procedimentos em toda parte, especialmente na América
Latina. O primeiro que estaremos encarando é
fortalecer esta Comissão Nacional, coordenada pela
CONTAC e pela CNTA. De agora em diante, todos
os problemas referentes à AmBev serão tratados
neste âmbito. Depois, levaremos a sugestão aos
sindicatos dos países da América Latina, para que adotem
esta mesma modalidade de Comissão Nacional Intersindical
da AmBev, como forma de ir criando níveis de
coordenação efetiva”.
Consultado por Sirel, Artur Bueno de Camargo,
presidente da CNTA, expressou por sua parte que a
convocação atendeu “à constatação feita por ambas as
organizações (CONTAC e CNTA) dos
maus-tratos e das desigualdades a que a AmBev
submete os seus trabalhadores no Brasil. No
encontro constatamos desigualdades salariais, também um
protesto generalizado dos trabalhadores contra o ‘banco
de horas’ e questionamentos ao chamado Programa de
Excelência Fabril (PEF), que estabelece prêmios
para os trabalhadores que alcancem as metas fixadas pela
empresa. Por outro lado -continuou Artur Bueno-
designamos uma comissão que se reunirá em 24 de abril
com o objetivo de realizar um levantamento da situação
de cada fábrica da AmBev no Brasil, para
que possamos, assim, elaborar um plano de ação
conjunto”.
“O descontentamento é muito grande, comentou Artur,
e tentaremos uma negociação sobre todos estes pontos e
outros mais. O ambiente geral é que, se a empresa não se
dispõe a negociar, poderemos instrumentar uma ação
coordenada, que poderia ir desde uma manifestação até
uma paralisação”.
Sendo assim, a CONTAC e a CNTA decidiram
elaborar um boletim conjunto que será distribuído
simultaneamente em todas as fábricas da AmBev do
Brasil.