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Seara/Cargill poderá enfrentar

mais uma greve

 

Trabalhadores da multinacional estão descontentes com os salários e a proposta da empresa não agradou os trabalhadores

 

Na última quinta-feira (18) os trabalhadores da Seara/Cargill participaram de uma assembléia na porta da fábrica realizada pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Criciúma e Região. A assembléia analisou a proposta da empresa de apenas 5,5% de reajuste salarial. A data base é 1º de outubro e o INPC acumulado chegou a 4,92%. Cerca de 1476 trabalhadores participaram da votação secreta.

 

Para o secretário geral do Sindicato, Célio Elias, "mesmo a empresa pressionando para que não votassem, os trabalhadores fizeram a sua parte e demonstraram indignação perante a atitude da empresa em manter a proposta de salário".

 

No dia 11 os Sindicatos de Criciúma, de Jaraguá do Sul e o Sindicato de Sidrolândia/MS, junto com a CONTAC (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação) se reuniram com a empresa para discutir a proposta salarial para os funcionários da multinacional em Forquilhinha, cuja data base é outubro. Jaraguá do Sul/SC e Sidrolândia/MS têm data base em novembro. Na reunião, em Criciúma, a empresa não avançou nas propostas salariais e de condições de trabalho. Segundo o presidente do Sindicato, Renaldo Pereira, "a reunião não durou mais de 10 minutos, porque a proposta é inaceitável pelos trabalhadores, como deixou claro a votação na porta de fábrica".

 

A proposta da empresa fica bem abaixo da dos trabalhadores, que reivindicam 5% de ganho real, redução da jornada de trabalho, cesta básica mensal no valor de R$ 80,00, e abrir uma discussão séria sobre a prevenção das doenças ocupacionais, tendo em vista o grande número de trabalhadores doentes devido ao ritmo de trabalho. Para os trabalhadores, é possível avançar, pois "os aumentos nas exportações no setor de frango, que causaram grande aumento no faturamento da empresa, não foram proporcionais aos trabalhadores. A empresa faturou mais e o trabalhador trabalhou mais e continuou ganhando a mesma coisa", ressalta Renaldo Pereira.

 

Trabalhadores dizem não

 

O Sindicato montou 13 urnas para que os funcionários que chegavam ou saíam do trabalho pudessem dar sua opinião sobre a proposta da empresa. Houve filas para votar. "A insatisfação estava clara nas conversas com os trabalhadores. Não poderia dar outro resultado. Os trabalhadores querem salários justos", comentou Célio Elias. Com o fim da votação, a insatisfação ficou evidente: mais de 83% (1.234 votos) dos trabalhadores disseram não à proposta da empresa e menos de 15% (221 votos) dos trabalhadores aceitaram a proposta. Os votos brancos e nulos não chegaram a 2% (19 brancos e 2 nulos).

 

Sabendo da insatisfação dos trabalhadores com os salários e com uma proposta que não agrada à maioria absoluta dos mesmos o SINDICARNE (patronal) pediu a intermediação da DRT alegando que o Sindicato dos trabalhadores abandonou a mesa de negociação. Na avaliação da diretoria do Sindicato não é possível avançar uma negociação sem uma proposta de aumento justo. Segundo o presidente Renaldo Pereira, "os trabalhadores têm interesse de fechar o quanto antes as negociações, porém não vamos abrir mão de um aumento justo". Na avaliação do sindicalista, não há como ignorar o fato de que mais de 1.200 trabalhadores não aceitam a proposta feita pela empresa. "Estes números demonstram o descontentamento dos trabalhadores no chão de fábrica. É preciso repartir um pouco o lucro, chega de ficarmos apenas com as lesões e doenças profissionais", conclui.

 

A empresa voltou ao cenário das ações anti-sindicais na semana passada ao demitir por justa causa uma trabalhadora com doença profissional após mais de 15 anos de trabalho na unidade de Jaraguá do Sul -SC.

 

Paralisação

 

Com mais de 83% dos trabalhadores descontentes com os salários e as propostas da empresa, o Sindicato admite que os trabalhadores da Multinacional Seara/Cargill poderão entrar em greve. "A empresa tem até o dia 30 de outubro para realizar nova proposta aos trabalhadores. Caso isso não ocorra é possível que os trabalhadores entrem em greve a qualquer momento a partir do dia primeiro de novembro", comenta Célio Elias. Na unidade de Forquilhinha, a empresa tem aproximadamente 2400 trabalhadores e abate 181 mil frangos por dia, na sua maioria destinados à exportação. Nos últimos anos, os funcionários têm realizado constantes paralisações em todo o país devido aos baixos salários e à falta de condições de trabalho. A última paralisação que aconteceu em Forquilhinha foi em 2004.

 

STIA/Criciúma

23 de outubro de 2007

 

   

 

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