Trabalhadores
descalços
Funcionários da Seara/CARGILL vão de pés descalços
para casa
Dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de
Alimentação denunciam a falta de respeito e humilhação que os
trabalhadores estão sendo submetidos na multinacional CARGILL,
que tem na cidade um Frigorífico de Aves que industrializa a
marca Seara. O fato ocorreu nesta tarde de segunda-feira (26/02)
quando o Sindicato estava entregando uma pesquisa sobre a troca
de horário que a empresa está pensando em implantar. Segundo o
diretor do Sindicato Valcir Rodrigues “houve
trabalhadores que saíram da empresa e foram de pés descalços
para casa.” Para os trabalhadores isso já vem acontecendo a
tempo. Na semana passada já havia acontecido algo semelhante.
A revolta
– para Rodrigues a revolta era clara. “Quando os trabalhadores
do segundo turno chegaram para trabalhar a fila para esperar a
sua vez de trocar a roupa era grande e os trabalhadores vinham
contar para nós o que estava acontecendo”. Os trabalhadores não
tinham outra opção a não ser ficar em baixo do sol e de um calor
insuportável. Mas o fato que mais impressionou os dirigentes
sindicais foi o triste episódio de uma trabalhadora que saiu de
pés descalços e levando seus EPIs* para casa por não ter onde
deixar e para não perder o ônibus. Ao sair da empresa a
trabalhadora demostrava claramente a sua indignação e revolta.
Os comentários de que “sempre quando a empresa manda a gente
vir trabalhar aos sábados temos de vir senão acontecem ameaças
de que teremos de assinar advertências. E agora a empresa vai
assinar a advertência também? Ela vai ganhar “gancho”?
Mas este foi apenas um entre tantos casos. Denunciam os
diretores. Segundo eles na hora que estavam saindo da porta da
fábrica para retornar ao Sindicato presenciaram algo lamentável.
Uma trabalhadora que acabara de sair da empresa com os pés
descalços havia perdido o ônibus para ir para casa. Com menos de
um mês de empresa já sentiu o drama de ter de trabalhar na
multinacional. Com o filho na creche ela veio de carona com os
diretores até a creche para poder buscar seu filho e ir para
casa.
Não muda nada
– para o Presidente do Sindicato dos Trabalhadores, Sérgio
Eccel, “há muito tempo acontecem casos de desrespeito com os
trabalhadores na Empresa. Os fatos mais explícitos foram na
época da greve e que vem acontecendo até os dias de hoje.”
Segundo o Presidente, a empresa está pensando em colocar em
funcionamento o terceiro turno. Para isso é necessária a
contratação de mais gente, porém a empresa fez o processo
oposto: ao invés de ampliar vestiários e banheiros e depois
contratar os trabalhadores ela contratou antes os trabalhadores
e as denuncias agora são freqüentes. “Somente isso pode explicar
o fato dos trabalhadores irem de pés descalços para casa”,
comenta o presidente. Parece até coisa de filme e ficção, mas é
a realidade para mais de 1300 trabalhadores da Seara/CARGILL.
Nilson Antonio
CONTAC
27 de fevereiro de 2007
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