Trabalhadores
e trabalhadoras do setor de alimentos estão formulando um
projeto de lei que reduz a jornada de trabalho da categoria
de oito para seis horas. Entidades e sindicatos do setor
estimam que o projeto já deve ser levado para avaliação no
Congresso Nacional em Março de 2008. Os trabalhadores
pretendem diminuir as horas trabalhadas a fim de reduzir o
alto número de acidentes de trabalho e de invalidez na
profissão.
Célio Alves Elias |
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A indústria do frango desponta atualmente como a líder de
casos de Lesões por Esforços Repetitivos (LER),
depressão e aposentadoria por invalidez. O setor já
ultrapassou até mesmo os bancários, que registravam o maior
número dos casos de doenças do trabalho. O secretário-geral
do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da
Alimentação de Criciúma (SC), Célio Alves Elias,
afirma que as altas metas de produção exigidas hoje pelas
empresas são as responsáveis pelas doenças.
O sindicalista também reclama das câmaras frias. Célio
relata que é comum as empresas desrespeitarem o limite de
10ºC que está na legislação trabalhista e abaixarem ainda
mais a temperatura das câmaras de corte. "Essas metas de
produção estão trazendo sérios problemas aos trabalhadores.
Imagina o trabalhador tendo que desossar de 4 a 5 coxas por
minuto, de 6 a 7 peitos por minuto. Estamos montando um
projeto-de-lei exigindo que a jornada de trabalho nas
agroindústrias seja de seis e não de oito horas. Quanto
maior o tempo exposto aos ritmos de trabalho e às
temperaturas, menor a resistência física das pessoas",
explica.
Os 2,5 mil trabalhadores do complexo agroindustrial da
Cargill,
em Santa Catarina, sofrem diretamente as conseqüências desse
ritmo de trabalho. Desde que a multinacional
Cargill
comprou a Seara Alimentos em 2005, os funcionários
reclamam do aumento do ritmo de trabalho e,
conseqüentemente, de dores e de casos de doenças. Segundo
dados do sindicato de Criciúma, cinco ex-funcionários da
empresa já estão aposentados por invalidez. Entre as
pessoas, está uma mulher de 36 anos que tenta recuperar o
movimento das mãos por diferentes tratamentos, mas até o
momento nenhum funcionou.
Em 2006, o sindicato denunciou a empresa no Ministério
Público do Trabalho de Criciúma, que constatou
irregularidades como a falta dos 20 minutos de intervalo a
cada 1h 40min trabalhados. A empresa também encaminhava o
trabalhador como auxílio-doença e não como acidente de
trabalho, ficando assim livre de pagar os encargos sociais e
o tratamento médico.
As
metas de produção estão trazendo sérios
problemas aos trabalhadores. Imagina o
trabalhador tendo que desossar de 4 a 5 coxas
por minuto, de 6 a 7 peitos por minuto |
Apesar de o Ministério Público ter ganho a liminar que
obriga a
Cargill
a cumprir com a legislação, a empresa ainda insiste em
descumprir. "Nós temos casos aqui de que a empresa ainda
está afastando como auxílio doença. A gente constata através
dos exames médicos que os funcionários estão com lesão,
síndromes, tendinite. Essas doenças são todas do trabalho. E
a empresa ainda tenta não encaminhar esses trabalhadores
corretamente", diz.
Na Justiça, a categoria também conseguiu fazer com que a
empresa aceite atestados médicos levados pelos
trabalhadores. O cartão ponto também passou a contar antes
do trabalhador trocar de roupa e não depois, como ocorria
anteriormente. Na região catarinense, a
Cargill
possui unidades em Forquilhinha, Criciúma e Araranguá, além
de fábricas no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Raquel Casiraghi
www.agenciachasque.com.br
4 de outubro de 2007
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