Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulga dados sobre
conflitos e mortes no meio rural em 2007. A expansão das plantações de cana-de-açúcar
foi apontada como principal responsável pelo crescimento do trabalho escravo no
país em 2007.
Segundo dados do caderno Conflitos no Campo 2007, divulgado
hoje (15) pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), o número de trabalhadores
explorados subiu de 6.930, em 2006, para 8.635, no ano passado.
O crescimento mais significativo foi registrado na Região
Sudeste, onde o número passou de 279 para 705. A região concentra as mayores
lavouras de cana no país.
No Centro-Oeste, o número de trabalhadores explorados chegou
a 2.653 no ano passado, quase o dobro do registrado em 2006. No Sul, o número
mais que duplicou (108 para 229)
Dos 5.974 trabalhadores libertados em 2007, 52% saíram das
usinas do setor sucroalcooleiro. Dos casos de desrespeito à legislação
trabalhista registrados pela CPT, o setor ocupa a primeira colocação.
"Isso tem a ver claramente com o aumento das exportações de
etanol e cana-de-açúcar", avaliou o geólogo da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) e analista da CPT, Carlos Walter Gonçalves. "A violência do poder
privado, das empresas, está crescendo com o aumento da exportação de commodities
[bens primários com cotação internacional]", completou.
Ainda de acordo com a publicação Conflitos no Campo, em 2007
foram registradas 265 ocorrências de trabalho escravo, três a mais do que no ano
anterior. O número de trabalhadores libertados passou de 3.633 para 5.974.
O conselheiro da CPT e ex-presidente da comissão, dom Tomás
Balduíno, criticou as três esferas do Poder Público pelo crescimento do trabalho
escravo. "O Executivo solta verbas para essas empresas. Onde está a PEC [projeto
de emenda à Constituição] que confisca terras de quem utiliza mão-de-obra
escrava? O Judiciário é campeão em indústria de liminares a favor do grande e
contra o pequeno", afirmou.
O documento foi apresentado no acampamento de trabalhadores
rurais montado para o lançamento da Campanha pelo Limite da Propriedade da Terra,
no estádio Mané Garrincha.
Ivan Richard
Agência Brasil
17 de abril de 2008
|