Depois de 23 anos de militância sindical, no próximo dia 20 de dezembro Maria
Inês assumirá o cargo de presidenta do Sindicato dos Trabalhadores nas
Indústrias da Alimentação de Encantado, no Estado do Rio Grande do Sul. Casada,
com dois filhos (12 e 14 anos), além das tarefas sindicais montou um
empreendimento familiar de produção de queijos artesanais.
-Você participou do Programa de Educação da Federação do Rio Grande do Sul e da
UITA?
-Sim, foi uma época muito linda da minha vida e do movimento sindical deste
estado. O Programa foi uma experiência positiva; me lembro com muito carinho do
Enildo (Iglesias) e do Siderlei (de Oliveira), que
trabalharam com muita força naqueles anos, ainda em plena ditadura militar.
-Está chegando o dia 20 de dezembro…
-(Ela sorri) A primeira mulher que chega à Presidência da alimentação em
Encantado e no Valle de Taquari! Estou muito contente e feliz. As pessoas dizem
que sou a “Dilma” da região.
-Nervosa?
-Não, não mesmo.
São muitos anos no Sindicato. Além do quê, de fato eu posso dizer que já assumi
como presidenta, pois o companheiro que ocupava este cargo se aposentou.
-Quantos trabalhadores há na região?
-Uns
1.700 trabalhadores e trabalhadoras e cerca de 1.300 associados.
-Qual indústria você destaca em Encantado?
-Os
frigoríficos. Lá está instalada a Cooperativa Cosuel, especializada em
suínos, onde há uns 1.000 trabalhadores e a metade são mulheres.
Também temos a fábrica de erva mate Baldo, muito famosa no Uruguai
porque produz a erva Canarias. Para você ver como estou informada, sei
até que é a mais consumida no seu país.
-É verdade…
-Então, esta erva vem dos “nossos pagos”. Para que vocês se localizem, estamos
há 150 km de Porto Alegre.
-Você está contente por participar do X Congresso da Federação?
-
Claro! É uma grande alegria! Ver tantos companheiros e amigos! Também ver que a
Federação continua crescendo, é excelente.
-E os queijos…?
-Você conhece bem a nossa região, onde a gringada italiana, polaca e alemã
formou a nossa idiossincrasia. Essa gente trouxe sua cultura e até hoje é muito
comum que os alimentos consumidos por nós sejam produzidos em casa e pela
família.
Meu
marido é agricultor, e há uns anos tivemos a ideia de nos especializarmos na
produção de queijos. Já temos tudo montado e é um empreendimento familiar que
nos deixa muito animados. Talvez façamos um intercâmbio de conhecimentos com o
pessoal da ATILRA, os leiteiros argentinos…
-Eu
vou avisá-los…
-
Não se esqueça! (Ela sorri)
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