SINTRAINAGRO planeja uma frente comum para defender
a indústria da banana.
A
possibilidade de antecipar uma greve cívica regional
está sendo estudada
O Sindicato Nacional de Trabalhadores da Indústria
Agropecuária (SINTRAINAGRO) propôs a criação
de um grupo de trabalho na região de Urabá
com a participação do Governo, dos empresários, das
comercializadoras, dos trabalhadores e de todas as
forças vivas da região, que de uma maneira ou outra
foram afetados pela crise que a bananicultura
atravessa.
A proposta foi feita pela organização no decorrer do
Fórum pela Defesa do Emprego e do Desenvolvimento
Social, realizado nas instalações do Sena em
Apartadó, departamento de Antioquia. Nem
representantes do Governo nem as comercializadoras
estiveram presentes no evento, que contou com a
participação de 400 pessoas, fato que foi repudiado
pelos painelistas.
Guillermo Rivera |
As trabalhadoras e os trabalhadores bananeiros
manifestaram sua preocupação diante do fechamento
das propriedades agrícolas e das demissões em massa,
que são justificadas pelos empresários como
derivadas da desvalorização do peso em relação ao
dólar. Entretanto, o SINTRAINAGRO atribui o
problema principalmente à intermediação na
comercialização da fruta. Também houve uma clara
oposição à substituição de plantações de banana pelo
cultivo do Dendê(1).
Concluiu-se que para cultivar 1000 hectares de
banana, são necessários 2000 empregos, enquanto que
para cultivar dendê, na mesma proporção, são gerados
100 empregos.
O presidente do SINTRAINAGRO, Guillermo
Rivera, disse que urge a formação de uma junta
social em Urabá que permita o desenvolvimento
da região, com um real compromisso do Governo
colombiano, bem como das comercializadoras e das
três transnacionais que monopolizaram este negócio.
“Pretendemos montar uma estratégia que nos permita
oferecer soluções de fundo para a crise que a
bananicultura atravessa e evitar um conflito social
que acarretaria uma greve cívica regional com graves
conseqüências para todos”, afirmou o líder sindical.
Gerardo Iglesias,
secretário regional para a América Latina da União
Internacional de Trabalhadores da Alimentação e
Agricultura, (Rel-UITA), que esteve presente
no Fórum, mostrou sua preocupação diante da possível
substituição da banana pelo dendê. O cultivo do
Dendê no mundo se caracteriza pela existência de
um trabalho precário, de salários baixos e péssimas
condições de trabalho, além de múltiplos impactos
negativos para o meio ambiente e a saúde.
Iglesias
declarou que o “SINTRAINAGRO tem poder de
convocação para reunir em um grupo de trabalho
social as forças vivas da região de Urabá,
visando encontrar soluções para a problemática,
surgida em decorrência da desvalorização do peso em
relação ao dólar, que ameaça de maneira preocupante
o emprego de muitos trabalhadores e trabalhadoras
nas plantações de banana de Urabá e
Magdalena”. Felizmente, os trabalhadores contam
com uma organização como o SINTRAINAGRO que
conquistou o respeito a nível nacional e
internacional.
Luis Alejandro Pedraza |
Já Roberto Hoyos, Presidente da AUGURA,
afirmou que ninguém poderia imaginar que o dólar
chegaria a 1.900 pesos. Os custos de produção a cada
dia são mais altos, os insumos dos derivados do
petróleo são cada vez mais elevados. Este negócio
com a taxa de câmbio que temos hoje é inviável.
Reconheceu que ter recebido do Governo mais de cem
bilhões de pesos “é uma importante ajuda mas o que o
setor deixou de receber nos últimos três anos é de
mil duzentos e quarenta e sete bilhões de pesos”. A
situação financeira dos produtores é muito delicada.
Roberto Hoyos propôs a reativação de uma
comissão tripartite para enfrentar a situação.
Luis Alejandro Pedraza,
presidente da União Nacional Agroalimentar da
Colômbia (UNAC), mostrou-se partidário de fazer uma frente comum nas
regiões de plantação de banana, visando defender
esta agroindústria. Também se opôs à possibilidade
de substituição dos cultivos de banana por Dendê.
“Para 1000 hectares de banana são gerados 2 mil
empregos e para 1000 hectares de dendê são gerados
100 empregos, isso quer dizer que há uma diferença
ostensiva que altera gravemente a situação
trabalhista e social da região”. Ressaltou a
importância de serem feitos fóruns como o realizado
na região de Urabá, porque se tem a
oportunidade de apresentar uma radiografia do setor,
analisar suas perspectivas e oferecer soluções em
relação a toda uma problemática surgida com a
desvalorização do peso.
Fanny Wilches,
diretora territorial do escritório especial do
trabalho em Urabá, indicou que o Governo está
na expectativa do processo de desvalorização do peso
frente ao dólar e das conseqüências que isso possa
trazer para os exportadores. Não é um segredo para
ninguém, acrescentou, que esta situação trará
grandes repercussões para a geração de empregos.
Neste caso é uma responsabilidade de todos os atores
sociais apresentarem alternativas de saída para a
crise.
Teodoro Díaz Lobo,
presidente da Convergência Cidadã, de
Urabá, reconhece que existem problemas
preocupantes, que não é a mesma coisa a incidência
da crise em pequenos ou em grandes produtores. Disse
que é importante analisar a situação com o maior
interesse para propor alternativas, contando com o
acompanhamento do Governo e a caminho de políticas
do setor agroindustrial.
Luis Guillermo Sánchez
Agência SINTRAINAGRO
5 de junho de 2007
(1) Também conhecido como Palma Africana (NT)