2010

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Nicaragua

Novo impulso solidário

pela luta da ANAIRC

Organizações nacionais e internacionais relançam campanha de apoio

  

Onze meses em Manágua pedindo um diálogo com a empresa agroindustrial Nicaragua Sugar Estates Ltd. (NSEL), proprietária do Engenho San Antonio e integrante do Grupo Pellas, para serem indenizados pelos danos causados a sua saúde durante os longos anos passados trabalhando nos canaviais da parte ocidental da Nicarágua. Os ex-trabalhadores e viúvas da Associação Nicaraguense de Portadores de Insuficiência Renal Crônica (ANAIRC), filiada à UITA, continuam resistindo e pedindo justiça, enquanto que nacional e internacionalmente é relançada a campanha de solidaridade com os portadores de IRC e de pressão sobre a empresa, para que cheguem logo a uma solução.

 Dolores Jarquín

 Camilo Navas

 Verónica Flores

Luis Miranda

 

Diferentes organizações nacionais e internacionais retomaram, nas últimas semanas, o compromisso de apoiar a luta dos ex-trabalhadores açucareiros e viúvas da ANAIRC, os quais há onze meses estão protestando em Manágua.

 

“Nós nos reunimos para reformular a estratégia do compromisso de nossas organizações com a justa luta da ANAIRC, sugerindo para este ano novas ações de apoio. Não se trata somente de acompanhá-los, mas sim de trabalhar ombro a ombro para que seja feita justiça –disse Dolores Jarquín, do Movimento Social Nicaraguense “Outro Mundo é Possível” (MSN), ao Sirel–.

 

É preciso definir novos instrumentos para continuar desenvolvendo a campanha de solidaridade e de pressão sobre a empresa, bem como abrir novas frentes de luta, exigindo do Grupo Pellas o cumprimento das suas obrigações com os portadores de IRC.

 

Como MSN –continuou Jarquín– temos entre os nossos objetivos a luta contra as práticas produtivas de empresas nacionais, transnacionais e grupos econômicos que vêm explorando de maneira irracional os recursos naturais, e também o impacto dessas práticas sobre os direitos humanos e trabalhistas dos cidadãos e cidadãs.

 

É por isso que dizemos que devemos nos encaminar em direção a outro modelo de produção e que apoiamos os companheiros e companheiras da ANAIRC, pois são vítimas deste modelo produto do atual sistema neoliberal. “Para nós, apoiar esta luta significa apostar em mudanças no sistema produtivo”, concluiu.

 

O grupo de jovens que durante o ano passado levou com sucesso a campanha de boicote internacional ao Ron Flor de Caña também decidiu retomar a sua ação em apoio não somente à luta da ANAIRC, mas exigindo mudanças efetivas no sistema de produção, no uso de agrotóxicos nos canaviais e nas relações entre empresa e trabalhadores.

 

“Durante 2009 buscamos dar visibilidade nacional e internacional à luta dos companheiros portadores de IRC. Fizemos isto através de diferentes páginas Web, revelando ao público tudo o que acontecia com a luta em Manágua, exigindo do Grupo Pellas pôr fim às péssimas práticas meio-ambientais e trabalhistas existentes em seu Engenho –comentou Camilo Navas, do Grupo de Boicote Internacional ao Ron Flor de Caña–.

 

“Esperamos agora poder relançar a campanha envolvendo mais organizações, retomando a proposta de não consumir Ron Flor de Caña, como uma forma de pressão”.

 

Diante da indiferença da maioria dos meios nacionais e de um setor da população que parece ter se acostumado com as dezenas de “champas”, isto é, barracas feitas com plástico preto nas imediações da catedral de Manágua, a ANAIRC considera que, hoje mais do que nunca, a solidaridade nacional e internacional pode desempenhar um papel fundamental na busca de uma solução.

 

Mesmo assim, reconhece que o compromisso demonstrado nos últimos meses pelo governo nicaraguense para facilitar um diálogo com a empresa, representa um avanço e uma esperança para o futuro.

 

“Devemos continuar buscando novas estratégias e abrir novos canais para alcançar nosso objetivo –explicou Verónica Flores, dirigente da ANAIRC–.

 

O apoio de todas estas organizações e do governo nos fortalece e é um sopro de esperança para o futuro da nossa luta. Estamos otimistas e agradecemos a todas as organizações que nos apoiam na defesa dos nossos direitos”.

 

A Entre Pueblos, organização da Espanha, surgida em 1988 dos comitês de solidaridade com a América Central e que durante todos esses anos vem desenvolvendo projetos de cooperação solidária em diferentes países da América Latina,  tem se aproximado da ANAIRC e se solidarizado com a sua luta.

 

“Consideramos que a situação é de extrema urgência, porque dia-a-dia vemos é que as pessoas vão morrendo” - enfatizou Luis Miranda, coordenador de Entre Pueblos para a América Central e o Caribe–.

 

Desde Entre Pueblos nos reunimos com muitas organizações para apoiar as reivindicações da ANAIRC, que a NSEL, propriedade do Grupo Pellas, vem sistematicamente negando.

 

Trata-se –continuou Miranda– de uma indenização econômica e de uma imedita assistência médica pelos danos que são frutos do suor que, durante tantos anos, estes irmãos entregaram para enriquecer esta família. Parece desumano, injusto e condenável que essas pessoas caiam no esquecimento”.

 

O coordenador desta organização internacional informou também que acaba de ser redigido um comunicado de apoio à ANAIRC que já foi assinado por dezenas de organizações nacionais e internacionais, e que nas próximas semanas será lançado mundialmente.

 

“Vamos intensificar o nosso apoio e as medidas de pressão sobre a empresa. Também apelamos a todas as organizações, a todos os homens e mulheres comprometidos com a luta dos povos para que se incorporem a esta campanha, porque a solidariedade tem que estar do lado desse grupo de homens e mulheres que está sofrendo uma injustiça trabalhista e social”, concluiu Miranda.

   

Em Manágua, Giorgio Trucchi

Rel-UITA

18 de fevereiro de 2010

 

 

 

Fotos: Giorgio Trucchi

 

 

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