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							Aracruz Celulose 
							
							Tupinikim e Guarani 
							 
							
							viajam mais uma vez para 
							Brasília   | 
    
  
	
	
	 
	
	Cerca de 50 índios, caciques e lideranças, 
	Tupinikim e Guaraní do Espírito Santo 
	chegarom  a Brasília, dispostos a ficar o tempo 
	necessário para terem uma definição sobre a edição da portaria de demarcação 
	das suas terras.
	
	Em dezembro do ano passado, 18 lideranças indígenas foram até a capital na 
	expectativa de uma audiência com o Ministro da Justiça, Márcio 
	Thomas Bastos, como parte do acordo com a Funai para desocupar, no 
	dia 13 dezembro, o porto de exportação da Aracruz Celulose, 
	a empresa invasora das terras indígenas. 
	 
	
	No entanto, durante os quatro dias que ficaram em 
	Brasília os indígenas não foram recebidos pelo Ministro, nem por 
	seus assessores. Eles não conseguiram tampouco cópia do processo de 
	demarcação das suas terras, um direito assegurado pelo decreto 1.775/96, 
	par.3º.: “O grupo indígena envolvido, representado segundo suas formas 
	próprias, participará do procedimento em todas as fases”.
	
	
	 
	
	É bom lembrar mais uma vez que o Governo Federal através do Ministro 
	Márcio Thomas Bastos prometeu a regularização das terras Tupinikim e Guarani 
	até o final de 2006, durante uma reunião pública em fevereiro de 
	2006 na Assembléia Legislativa do Espírito Santo. No entanto, enquanto a 
	FUNAI cumpriu parte da promessa, analisando e rejeitando a contestação da
	Aracruz, e encaminhando o processo para o Ministério da 
	Justiça em 12 de setembro de 2006, recomendando a edição da portaria de 
	demarcação, o ministro até hoje não o fez apesar do prazo para este ato ser 
	de 30 dias, conforme o decreto 1.775/96.
	
	As comunidades indígenas Tupinikim e Guarani 
	se sentem traídas pelo Governo Federal que tantas vezes afirmou seu 
	compromisso com a causa indígena. Os índios perguntam-se, perante o silencio 
	do Governo Federal, qual é de fato o problema no processo? Será que o 
	Ministério está considerando a contestação da Aracruz Celulose 
	que afirma que os Tupinikim nunca habitaram as terras reivindicadas? Vale 
	lembrar que a contestação da empresa foi elaborada por 15 supostos 
	especialistas renomados, mas até hoje ninguém sabe quem são eles. Por outro 
	lado, os quatro estudos técnicos da FUNAI que identificaram a terra indígena
	Tupinikim/Guaraní têm nomes e títulos.
	
	Estes quatro estudos reuniram provas irrefutáveis de que os Tupinikim sempre 
	habitaram a região até a chegada da Aracruz Celulose que 
	destruiu cerca de 30 aldeias e expulsou os indígenas e transformou suas 
	terras em plantações de eucalipto. Os índios estão levando para Brasília, 
	como exemplo das provas, um mapa dos povos indígenas no Brasil de 1944, 
	publicado pelo IBGE, do renomado pesquisador Curt Nimuendajú, que comprova a 
	presença deles claramente na região litorânea do Espírito Santo, inclusive 
	na região de Aracruz.
	
	Parece que o Governo Federal está subordinando os direitos indígenas 
	aos interesses econômicos da multinacional Aracruz Celulose. É bom 
	que o Governo se lembre que: no dia 21 de dezembro de 2006, a 
	Aracruz Celulose foi condenada por racismo e discriminação contra 
	os povos indígenas Tupinikim e Guarani numa ação promovida 
	pelo Ministério Público Federal do Espírito Santo. A empresa teve que 
	retirar as múltiplas informações pejorativas e racistas colocados no seu 
	site, e proibida de veicular essas informações nas suas palestras e eventos. 
	No entanto, a ação não impediu a onda de discriminação e racismo que a
	Aracruz Celulose provocou na sociedade regional. Prova 
	disso foi a manifestação promovida pela empresa no dia 13 de dezembro, 
	quando mais de 2000 trabalhadores, a maioria de empresas terceirizadas como 
	a Plantar, queriam retirar com o uso da força os 200 indígenas que tinham 
	ocupado pacificamente o porto da empresa. Naquele dia, quase ocorreu um 
	massacre dos indígenas.
	 
	
	Por fim, é bom lembrar também que no próximo dia 20 de 
	janeiro completará um ano que a Polícia Federal desocupou e 
	destruiu, com a colaboração ativa da Aracruz Celulose, duas aldeias 
	reconstruídas dentro da terra indígena. 13 índios foram feridos, 
	alguns gravemente. Apesar das desculpas do governo por esta ação policial, 
	marcada por inúmeras irregularidades, seus efeitos prosseguiram e ninguém 
	foi punido. 
	 
	
	O Ministro poderia, num gesto de real compromisso com os 
	povos indígenas, garantir finalmente a regularização das terras 
	Tupinikim e Guaraní. 
	 
	
	CONTAG
	
	
	17 de janeiro de 2007
	 
	
	
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