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República Dominicana

Depois de Noel,

a tormenta tropical Nestlé

 

O povo dominicano ainda não havia se recomposto das tremendas conseqüências da devastadora tormenta tropical Noel, e a multinacional Nestlé, de forma omissa diante da tragédia social por que passa o país, despediu onze trabalhadores da fábrica de sorvetes de Santo Domingo e anunciou que este é apenas o princípio de uma redução maior do seu pessoal.

 

 

No momento em que o povo dominicano se lança em uma campanha de solidariedade e compaixão para começar a recuperar os danos materiais e emocionais causados por Noel, Nestlé, a maior multinacional da alimentação do mundo, decide olhar para o seu próprio umbigo, ou melhor, para o seu próprio bolso. Sirel dialogou com Flaudio Tapia, secretário geral do Sindicato de Trabalhadores de Sorvetes Nestlé (SINTRANESTLED), o qual denunciou que a “Nestlé acaba de nos pegar em uma armadilha, porque nos pressionou para fazer a produção de sorvetes de três meses em uma semana de trabalho super intenso, e agora vem nos comunicar que, por falta de trabalho, despede onze companheiros”.

 

O gerente da fábrica, Peter Flook, convocou ontem o Sindicato de forma urgente e de surpresa para uma reunião e, enquanto esta ocorria em um setor da fábrica, em outro a gerência de Recursos Humanos efetuava as demissões, de tal forma que a direção sindical se viu diante do fato consumado. “Foi uma atitude ardilosa da companhia, indignando o pessoal. Por outro lado, todos os onze despedidos foram atingidos pela tormenta Noel, e a empresa sabe disso e, mesmo assim, os deixa sem trabalho. Um deles está com a esposa grávida com o parto previsto para a próxima semana”, expressou Flaudio.

 

O Sindicato organizou um piquete em frente à fábrica com cartazes denunciando as demissões e as manobras da empresa. “Isto é uma violação do Convênio Coletivo, e também aos direitos humanos de estes companheiros que ficaram sem nada por causa da tormenta Noel, apenas com a roupa do corpo”, destacou Flaudio. E assim mesmo, afirmou que a Nestlé pretende substituir os despedidos, que são trabalhadores com antiguidade na empresa, contratando “temporários”, isto é, sazonais que podem ser despedidos ou empregados a qualquer momento. “Estamos dispostos a levar a luta até as últimas conseqüências para que estes companheiros sejam readmitidos em seus postos de trabalho”, finalizou Flaudio.

 

Por outro lado, Sirel dialogou com Bernabel Matos, secretário de Educação da Rel-UITA para o Caribe. Bernabel lembrou que o país ainda está quase que totalmente inundado, e a tormenta Noel castigou severamente muitas propriedades agrícolas. Nestlé, portanto, sentiu bastante esta situação por falta de matéria prima. Além disso, a fábrica de sorvetes está em um terreno muito perto de um arroio que também transbordou, perturbando em parte a fábrica. O colapso energético que afeta todo o país também impõe certas limitações. Não obstante, Nestlé deve entender que tem um compromisso social com o povo dominicano. É importante assinalar que há muitas outras empresas que sofreram danos, inclusive muito piores do que a Nestlé, mas nenhuma se questionou sobre despedir trabalhadores. Trata-se de um caso único. A gerência convocou a direção do Sindicato, mas não para analisar a situação, e sim para comunicar diretamente a decisão de que começava uma redução de pessoal com estas onze demissões. Isso quer dizer que a intenção da Nestlé é pôr gente na rua e só começou pela fábrica de sorvetes. É doloroso comprovar que esta multinacional, a maior do mundo no setor da alimentação, não tem interesse na sorte do povo dominicano mas apenas nos seus próprios lucros”.

 

Bernabel destacou também que os representantes do SINTRANESTLED foram à reunião acompanhados por Ramón Castillo, secretário geral do Sindicato da Nestlé San Cristóbal, mas a empresa não permitiu que ele entrasse na fábrica utilizando razões falsas, garantindo-lhe que se tratava de uma “reunião interna”.

 

A Federação Nacional de Trabalhadores da Indústria da Alimentação, Hotéis, Bebida e Tabaco (FENTIAHBETA) se reunirá, no sábado 17, na fábrica de sorvetes da Nestlé para avaliar a situação global e adotar as medidas requeridas pelo caso, porém é provável que, já a partir de amanhã, o SINTRANESTLED instrumente fortes mobilizações no lugar.

 

Na opinião de Bernabel, a “Nestlé aparece agora como outra tormenta tropical que se abate sem piedade sobre o povo dominicano jogando trabalhadores na rua. Não há clima para se permitir que esta empresa faça aqui o que lhe dê vontade. Vamos bater em todas as portas, incluindo a do Presidente da República se for necessário, para que intercedam nesse problema e se evite que a Nestlé machuque, ainda mais, este povo devastado”.

Carlos Amorín

© Rel-UITA

15 de novembro de 2007

 

 

 

 

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24-4-2007   República Dominicana
Nestlé – Helados
Nuevos hechos, las mismas huellas | Por Gerardo Iglesias

 

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