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A AmBev nega os materiais escolaresaos filhos dos trabalhadores
 
  
Estão 
paralisadas as negociações da pauta de reivindicações do 
Sindicato Único de Trabalhadores da Companhia Cervejaria 
AmBev Peru, filial Sullana, (SUTAMBEV) porque a empresa se 
nega a reconhecer uma ajuda de custo escolar de acordo com a 
inflação. 
  
“Em nossa reunião de conciliação progredimos em dez 
cláusulas, mas a tensão aumentou quando a empresa se negou a 
aumentar a ajuda de custo escolar; no ano passado recebemos 
cerca de 31 dólares, agora estamos pedindo que suba para 93 
dólares, tudo subiu”, explicou ao Sirel, Manuel 
Córdova, secretário geral do SUTAMBEV. 
  
Com esta negativa, a AmBev estará impedindo que cerca 
de 400 crianças e adolescentes, filhos e filhas dos 
trabalhadores da transnacional, contem com os recursos 
necessários para sua educação neste ano escolar. 
  
De acordo com os relatórios dos analistas econômicos, neste 
ano o preço dos materiais escolares subiu 30 por cento, e o 
calçado também sofreu aumento.  Representantes do Parque 
Industrial de Villa El Salvador, onde se localizam as 
principais indústrias de couro, informaram que o pé quadrado 
do couro para calçado escolar subiu de 5,5 para 7,8 dólares. 
  
Diante deste panorama, o sindicato espera que no dia 3 de 
março, quando for retomada a conciliação, a empresa tenha 
uma proposta que garanta os meios para que os filhos dos 
trabalhadores comecem o ano escolar com todo o seu material. 
  
Para gerar descontentamento 
  
Além disso, Córdova denunciou que a empresa não 
reconhece os acordos do Convênio Coletivo do ano passado, 
alegando que caducou no dia 31 de dezembro de 2008. 
  
“Estão transgredindo as normas coletivas, o Convênio 
continua vigente até que se aprove o novo Convênio Coletivo. 
Solicitamos ao Ministério do Trabalho uma inspeção para que 
comprove como a empresa vem burlando os direitos dos 
trabalhadores”, afirmou Córdova. 
  
Para o advogado trabalhista Paul Castellanos, 
responsável pelo Programa de Vigilância Social de Empresas 
Multinacionais de Plades, “O Convênio Coletivo 
continua valendo enquanto não for modificado por um novo e, 
portanto, o Sindicato pode exigir que continue sendo 
aplicado”. 
  
De acordo com o texto único constante da Lei de Relações 
Coletivas de Trabalho DS Nº 010-2003-TR, em seu artigo 43, 
“rege desde o dia seguinte ao da caducidade da convenção 
anterior; ou, se não houver, desde a data de apresentação da 
reivindicação, exceto no caso das estipulações para as quais 
haja prazo diferente e que consistam em obrigações de fazer 
ou de entregar em dinheiro, regidos a partir da data de sua 
assinatura”.  
  
A negativa da AmBev em reconhecer os acordos do 
convênio anterior expressa “uma forma de pressão sobre o 
sindicato, com a qual tenta miná-lo, gerando o 
descontentamento dos trabalhadores, enquanto os seus 
dirigentes discutem a nova pauta”, advertiu Castellanos. 
  
Por outro lado, Córdova reiterou a decisão do 
Sindicato de defender os direitos dos seus filiados e exigiu 
da empresa respeito irrestrito aos direitos sindicais dos 
trabalhadores. “Nós contribuímos com o nosso trabalho para o 
crescimento da empresa; melhores condições e um salário de 
acordo com a inflação é uma maneira de reconhecer o nosso 
esforço”, afirmou. 
  
A AmBev Peru faz parte da InBev, a maior 
companhia cervejeira do mundo, e produz para o mercado 
peruano as marcas Brahma e Zenda. Possui duas 
fábricas: uma de cerveja e refrigerantes na localidade de 
Huachipa, a poucos quilômetros de Lima, e outra exclusiva de 
refrigerantes em Sullana, Piura, estado 
localizado na costa norte do Peru, a 981 quilômetros 
da capital.  
  
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