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  Sirel dialogou com Cijifredo Vera, presidente da Confederação de Trabalhadores 
de Empresas da Alimentação e Área Privada do Chile (CONTALAPCH) e coordenador da 
UITA naquele país, o qual realizou uma análise da Paralisação Nacional, 
convocada pela Central Unitária dos Trabalhadores (CUT), para os dias 24 e 25 de 
agosto passado.
 
 
"A 
paralisação tinha sido aprovada para ocorrer em outubro, mas decidimos antecipar 
a data por causa da grande efervescência social que estamos vivendo atualmente 
no Chile, iniciada pelo movimento estudantil e que teve um forte 
impacto tanto na sociedade em geral como nas organizações sociais e sindicais.  
 Nesta conjuntura, continuou Cijifredo Vera, a CUT organizou uma 
Paralisação Nacional para os dias 24 e 25 de agosto, que contou com importante 
adesão.  Foram realizados atos em diferentes partes do país, tendo sido grande a 
mobilização, apesar de porta-vozes da Presidência dizerem o contrário".
 
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Basicamente, o povo se cansou de esperar as mudanças prometidas pelos 
diferentes governos de turno. |  
  
A Central reiterou suas históricas reivindicações: que as grandes 
empresas e os consórcios transnacionais paguem mais impostos; que haja educação 
e saúde digna e de qualidade; que se estabeleça um novo Código do Trabalho que 
inclua a sindicalização automática, a negociação coletiva real e o fim da 
demissão por necessidades da empresa; que seja incorporado o plebiscito como 
forma de consulta à cidadania e que se avance em uma nova Constituição Política 
para deixar para trás definitivamente a imposta pela ditadura.
 
  De acordo com Cijifredo: "Em meus 35 anos de trabalho sindical 
nunca tinha visto uma manifestação como essa no Chile, nem nos tempos 
finais da ditadura pinochetista. Estima-se que marcharam cerca de 700 mil 
pessoas em todo o país, das quais 400 mil o fizeram em Santiago, 
capital. Paralisou-se o transporte, as empresas públicas e privadas contaram com 
uma grande adesão dos trabalhadores à paralisação, os pequenos e médios 
comércios fecharam suas portas. Basicamente, o povo se cansou de esperar as 
mudanças prometidas pelos vários governos de turno.
 
  Infelizmente, houve um elevado número de detidos e feridos, devendo-se 
lamentar a morte de um menino de 14 anos, pelas mãos de um policial".
 
 
O dirigente afirmou que o empresariado já 
começou a solicitar reuniões com o governo para coordenar ações que freiem esta 
onda de manifestações sociais.
 
 "Esta é a melhor prova de que a Paralisação foi um sucesso, os principais 
personagens de grandes 
empresas, como a Nestlé, estão agora preocupados devido a que esta efervescência 
pode ser o começo de grandes protestos em massa por todo o país, com as 
consequentes perdas econômicas que esta situação acarretaria para  os 
empresários.
 
 Pessoalmente, acredito que já não seja possível parar isto", 
sentenciou Vera.
 
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