Sección Agrocombustibles

Os automóveis europeus não conhecem ética

 

Aumentam as remessas de etanol nicaraguense à Europa.

 Nesse início do ano, já geraram 28 milhões de dólares.

O “Chembulk Barcelona”, barco de bandeira de Singapura,  capitaneado pelo coreano Jo Heung Seob, no qual foi feito o último embarque de etanol

 

Quase simultaneamente com a marcha dos 200 portadores de Insuficiência Renal Crônica (IRC), que percorreu os 122 quilômetros que separam Chichigalpa de Manágua, narrada por Giorgio Trucchi em seu artigo desta quarta, em Puerto Corinto 16 milhões de litros de etanol produzidos no Engenho San Antonio (ISA), pertencente ao Grupo Pellas, eram embarcados com destino a duas empresas de Rotterdam, Holanda.

 

Com esta remessa, o etanol exportado pelo ISA para mercados europeus chega a quarenta milhões de litros. Álvaro Martínez, Diretor de Comercialização e Logística do ISA, informou que durante 2007 exportaram 20 milhões de litros, no ano passado chegaram a 50 milhões e que, neste ano, pretendem exportar 80 milhões de litros. Acrescentou que “os embarques de etanol são descarregados no porto de Rotterdam, e daí enviados para as empresas petrolíferas da Europa”. Também declarou que o mercado europeu paga o litro de etanol a 75 centavos de dólar, um dos melhores preços na atualidade.

 

Ao que parece, os compradores europeus não estão interessados nas condições de cultivo e colheita da cana-de-açúcar com a qual se produz o álcool consumido por seus automóveis. Não podem alegar ignorância. O Tribunal Permanente dos Povos enviou, em novembro passado, uma nota ao embaixador da Itália na Nicarágua, com cópia ao Presidente da República da Itália e ao Ministro do Exterior, cujo teor expressa:  “Durante a audiência mesoamericana do Tribunal Permanente dos Povos ‘Políticas neoliberais, transnacionais e grupos econômicos’ (Guatemala, 10 e 11 de outubro de 2008) foram apresentadas demandas onde relatórios detalhados indicavam como a empresa Engenho San Antonio, propriedade da Nicarágua Sugar Estate Ltd, que integra o Grupo Pellas, fez um uso desconsiderado e em grande escala de agrotóxicos nas plantações de cana-de-açúcar do Engenho San Antonio, com graves consequências para a saúde dos trabalhadores, os recursos hídricos e o meio ambiente em geral”.

 

O Grupo Pellas é um conglomerado de mais de 50 empresas presidido, desde o começo dos anos 80, por Carlos Pellas Chamorro. Tem ativos de 4 bilhões de dólares e aproximadamente 15 mil empregados. Entre as companhias mais importantes que integram o Grupo estão, no setor financeiro, o BAC International Bank, presente em todos os países da América Central e controlador de toda a rede Credomatic e o BAC Florida Bank, no sul da Flórida (Estados Unidos). Entre as outras companhias do Grupo Pellas, se destaca a Nicarágua Sugar Estates Limited, proprietária do Engenho San Antonio, com uma capacidade anual de produção de 250 mil toneladas métricas (TM) de açúcar, 18 milhões de litros de etanol, 80 mil TM de melaço e 60 MW de energia, além de vários projetos de diversificação como produção de camarão e de energia através da plantação de 5.500 hectares de eucaliptos; a Companhia de Licores da Nicarágua SA, que produz o rum Flor de Caña, aguardentes e gás metano, e a Casa Pellas, que tem a reapresentação da Toyota na Nicarágua.

 

O Grupo também é sócio, com 40 por cento, da GBM, que tem a reapresentação da IBM na América Central e no Caribe; com 10 por cento, da União Fenosa, a transnacional espanhola que controla a distribuição da energia elétrica na Nicarágua; e, com 40 por cento, da ESTESA, a televisão a cabo nicaraguense. Outras empresas que compõem o Grupo Pellas são a Seguros América, Aduaneira e Armazenadora Pellas S.A. (ALPESA) que oferece serviços de agenciamento aduaneiro, armazenamento de mercadorias, transporte local e serviços completos de logística a nível internacional. O Grupo possui também 7 mil hectares de cultivo de laranjas junto ao rio San Juan, no sul da Nicarágua, com 1,4 milhões de árvores e que exporta o suco para a Minute Maid nos Estados Unidos, empresa de propriedade da Coca-Cola.

 

Este é o gigante que a nossa filiada está enfrentando, a Associação Nicaraguense de Portadores de Insuficiência Renal Crônica (ANAIRC), com seus reclamos pela morte, nos últimos anos, de mais de 3.209 pessoas e mais de 4.000 portadores devido ao uso indiscriminado de agrotóxicos nos canaviais pertencentes ao Grupo Pellas. Segundo a lenda, finalmente Davi venceu Golias.

 

Em Montevidéu, Enildo Iglesias

Rel-UITA

13 de março de 2009

Enildo Iglesias

 

 

 

Con información de El Nuevo Diario, Managua y Azúcar-Ético

Foto: pbase.com

 

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