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   Uruguay

Simón Santana Farías

Vítima de acidente de trabalho na Bimbo

 

 

 

A Panificadora Bimbo ofereceu

 330 dólares pela morte do operário

 

A “Panificadora Bimbo del Uruguay SA” ofereceu 8.224,50 pesos (330 dólares aproximadamente) para a família de Simón Santana Farías, morto quando realizava tarefas de limpeza de uma máquina de resfriamento na fábrica da empresa, em Camino Edison, por todas as dívidas contraídas pelo jovem antes de sua morte.

 

As expectativas não eram boas. A audiência de conciliação, ocorrida no dia 23 de outubro na Justiça Civil, já era um sinal do que podia acontecer. A mediadora Virginia Fernández iniciou a audiência e a empresa apresentou a oferta. O valor oferecido nem sequer mereceu resposta.

 

A oferta de Panificadora Bimbo del Uruguay SA, com a qual pretendia cobrir a reivindicação dos salários que não foram pagos, férias não gozadas e outras dívidas de trabalho, assim como danos morais, por morte prematura, lucros cessantes e danos emergentes, ocasionados pela trágica morte de Simon, foi de 8.224,50 pesos.

 

A empresa "desconheceu todos os dados informados na reivindicação, como data de entrada e sua categoria", explicou o advogado da família, Luis Rodríguez Turrina, ao jornal LA REPUBLICA. "Não aceitamos o valor oferecido" e, portanto, "se esgotaram os meios de conciliação no Ministério de Trabalho e Seguridade Social (MTSS) e surge agora a apresentação da demanda no plano trabalhista", indicou o advogado.

 

A família de Simón estava na sala quando os representantes da empresa fizeram a oferta. Entretanto, estava preparada. Na audiência de conciliação ocorrida no Juizado de Conciliação de 2º Turno, na esfera civil, a empresa "fez objeção a todo o processo e não reconheceu a reivindicação nem os valores" litigados, afirmou Rodríguez Turrina.

 

Uma morte evitável

 

Simón Santana realizava tarefas de limpeza no Departamento Sanitário da Panificadora Bimbo del Uruguay SA, uma empresa transnacional com sede no México, mas radicada em 18 países da América, Europa e Ásia, onde tem mais de 70 fábricas, 900 centros de distribuição e mais de 80 mil trabalhadores.

 

Simón entrou na empresa em janeiro de 2008, com amplas expectativas. No dia 3 de setembro foi trabalhar, como fazia todos os dias. Três horas depois sofreu um acidente de trabalho que lhe custou a vida. Tinha só 26 anos.

 

O jovem realizava tarefas de limpeza em uma das máquinas de resfriamento da fábrica. A tarefa não foi feita com o equipamento desligado e Simón foi arrastado pelas engrenagens do aparelho. Estava sozinho. As perícias indicaram que seu corpo ficou preso durante 15 minutos antes de receber auxílio.

 

Simón "possivelmente tentava passar de um lado ao outro da plataforma, com o cinto de segurança colocado, e este foi enganchado e arrastado pelo sistema de transmissão do resfriador, ficando preso, na altura do segundo e terceiro disco, que estavam em movimento e sem um sistema de proteção", explica a perícia da Inspeção Geral do MTSS sobre o acidente.

 

O relatório do MTSS também afirma que o mortal acidente se desencadeou por razões técnicas e humanas. O relatório indica que existia "risco de origem mecânica", por falta de proteção no sistema, "existindo riscos de arrasto, trituração e aprisionamento", mas que "a empresa não identificou o risco mecânico (sistema de transmissão, pontos móveis perigosos sem proteção)".

 

"De acordo com a investigação realizada, conclui-se que o acidente foi ocasionado por múltiplas causas identificadas no ponto 5, pelo não cumprimento da regulamentação vigente aplicável em matéria de segurança e higiene. Se houvesse equipamentos de proteção nos sistemas de transmissão do resfriador número 1, não teria ocorrido o acidente investigado", afirma a conclusão do relatório do MTSS.

 

O caso de Simón será investigado, portanto, na esfera civil, trabalhista e penal, já que a juíza penal do 8º Turno, Graciela Eustachio, também indaga sobre o acidente. A juíza Eustachio aguarda, nesse momento, a resposta a vários ofícios expedidos, para desvendar a morte do jovem, suas causas e seus responsáveis

 

Retirado do Jornal La República, Uruguai

12 de dezembro de 2008

 

  

 

 

Artigo escrito originalmente em espanhol

Fotos: Patricia Iglesias

 

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