Três
trabalhadores rurais presos, seis feridos
com balas de borracha,
comércio
fechado, moradores aterrorizados.
Esse foi o resultado do confronto, segunda-feira
25, na principal rua de Pontal (SP), entre
cortadores de cana que estão em greve há uma
semana e policiais militares que foram
chamados para cumprir liminar dada na última
sexta-feira 22 a usinas. A decisão garantiu
a saída dos ônibus para os canaviais com os
trabalhadores que não aderiram à paralisação.
Foi o
segundo confronto entre PMs e bóias-frias em
três dias - o primeiro ocorreu no sábado em
Cruz das Posses, distrito de Sertãozinho,
quando os trabalhadores da usina Albertina
tentaram fechar a rua para impedir a saída
dos ônibus com trabalhadores. Quatro
grevistas foram feridos.
O conflito começou quando cerca de 150
cortadores de cana das usinas
Bazan,
Bela Vista e Carolo, todas em
Pontal, apoiados pela FERAESP
(Federação dos Empregados Rurais
Assalariados do Estado de São Paulo),
decidiram protestar em frente à sede do
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pontal,
que não apóia o movimento.
Do outro lado da rua, 16 homens da Tropa de
Choque da PM de Sertãozinho e Jaboticabal
mandaram os trabalhadores recuarem. Não
foram atendidos e passaram a atirar bombas
de gás lacrimogêneo, gás pimenta e balas de
borracha.
"A polícia se utiliza primeiro do diálogo,
depois dos meios não-letais dos quais
dispomos e, se preciso, de outros meios
legais para evitar o dano do patrimônio
público e privado", disse o tenente
Eduardo Martins Ribeiro.
Reivindicação
Os trabalhadores reivindicam reajuste de 10%
no piso salarial, que chegaria a R$ 500 (
USD 310), e aumento no valor pago pelo metro
de cana cortada para R$ 0,20 (USD 0,12) -
hoje varia entre R$ 0,08 (USD 0,05) e R$
0,13 (USD 0,08).
Querem também que as usinas criem comissões,
com representantes dos patrões e dos
trabalhadores, para a aferição da medição da
cana, por meio da qual as usinas calculam o
valor do adicional de produtividade pago aos
cortadores.
A reportagem tentou localizar os representantes das usinas.
Só duas se pronunciaram. A Bela Vista
e a Bazan informaram não reconhecer a
Feraesp como parte legítima da negociação e
afirmaram que o acordo fechado com o
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pontal
vale até abril de 2009.
CONTAG
28 de agosto de 2008
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