Brasil

Rurais da região de Ribeirão Preto iniciam
greve em três usinas de açúcar e álcool

 

Cerca de dois mil trabalhadores rurais cruzaram

os braços na região de Ribeirão Preto

 

Cerca de dois mil trabalhadores rurais cruzaram os braços na região de Ribeirão Preto, nas cidades de Pontal, onde estão instaladas as usinas Carolo e Bela Vista e em Sertãozinho, usina Albertina, afetadas pela greve. Os trabalhadores reivindicam majoração no piso salarial e nos preços da tonelada de cana (produção) e nos preços diferenciados para cada tipo de cana (complexidade de colheita).

 

"Há muitos problemas na relação de trabalho entre as empresas e nossos companheiros e a questão salarial é apenas a ponta do iceberg", diz o sindicalista Zaqueu Aguiar – representante da Federação dos Empregados Rurais Assalariados no Estado de São Paulo,  pontuando como "fundamental  a constituição de comissão bi-partite (trabalhadores e empresas)  para o debate e a resolução dos problemas".

 

Rodada infrutífera

 

Aguiar informa que houve uma reunião entre representantes das empresas e a FERAESP, mas, as empresas não querem a constituição da Comissão. "Essa Comissão é que poderá suspender a greve para que haja condições de negociação, mas, as usinas têm que garantir a sua existência, e, principalmente, a estabilidade de trabalho para os seus integrantes", destaca Aguiar.

 

Início do movimento

 

O movimento se iniciou na sexta-feira, a partir da suspensão de três trabalhadores da Usina Carolo de Pontal: João Ximenes de Carvalho, Franscisco Jair da Silva Souza e Milton Lopes Ferreira Junior. Eles foram suspensos do trabalho por três dias porque reclamaram do preço da cana e porque a empresa não fez  a entrega de luvas (EPI). Como se recusaram a assinar o "gancho", foram levados pelo empreiteiro, o "gato" na delegacia de policia da cidade de Pontal para registro de boletim de ocorrência contra os trabalhadores, sendo que o B.O. não foi lavrado porque os policiais civís estão em greve.

 

Denúncias de desrespeito e humilhações

 

"Os trabalhadores denunciaram este e outros fatos à Feraesp, ontem, em Sertãozinho, e as medidas judiciais cabiveis serão encaminhadas", disse a assessora jurídica da entidade, a advogada Olga Melzi. A advogada diz que denúncias "chegam às dezenas, sendo que em todas as empresas os gatos estão dispensando tratamento desumano aos trabalhadores que não suportam mais as humilhações".

 

Reivindicações

 

Os trabalhadores em greve exigem das empresas, entre outras reivindicações, o fim do pagamento das comissões aos turmeiros, que é de 30% sobre a produção do trabalhador, além de exigirem que a contratação seja feita diretamente por - e na - empresa, eliminando-se a intermediação dos gatos na contratação. "São os gatos que agenciam a mão de obra e levam as carteiras de trabalho para as usinas, escolhendo quem trabalhará ou não. Isso dá aos turmeiros um grande poder sobre os trabalhadores, que não aceitam mais essa forma de relacionamento com as empresas, na qual quem contrata é a usina mas quem manda na vida deles são os " gatos".

 

Pelo fim das contas bancárias com alta taxa de manutenção

 

Os trabalhadores exigem, também, conforme frisou Zaqueu Aguiar o fim das contas correntes para recebimento de salários porque estão sendo vítimas dos bancos que descontam de seus salários taxas de serviços não contratados. "Os trabalhadores exigem também a formação de comissão formada por trabalhadores da empresa e representantes da empresa para elaborarem tabela de preços diferenciados da cana em razão do grau de dificuldade no corte da cana e qualidade de serviço que a empresa exige", finalizou.  

 

Novo esforço à negociação 

 

Quarta-feira 20, continuaram as negociações com representantes das três usinas (Carolo, Bela Vista e Albertina. A expectativa é a de que as direções dessas empresas reconsiderem a posição inicial de não aceitar a constituição da Comissão de Negociação.

 

Alcimir Carmo

FERAESP

21 de agosto de 2008

 

 

 

 

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