Colombia - La Minga Indígena

Com Alberto Achito

O Presidente colombiano

é um gerente das transnacionais

 

É o responsável pela Coordenação Nacional com os Povos Indígenas da Organização Nacional Indígena da Colômbia (ONIC). Dirigente Emberá do Departamento do Chocó. Achito dialogou com Sirel na capital colombiana, uma cidade que a Minga Indígena vestiu de cores, reclamações e propostas para todo um país.  

  

-Qual é a principal problemática dos povos indígenas na Colômbia?

-As iniciativas do governo no âmbito legislativo que desconhecem os direitos econômicos, sociais e culturais dos povos indígenas. Por outro lado, a criminalização de nossa luta, visto que nos estão considerando terroristas, de guerrilheiros e, com essa desculpa há uma quantidade de assassinatos, de desaparecidos e um deslocamento em massa de muitos povos indígenas. Além disso, enfrentamos a presença cada vez maior de megaprojetos relacionados com a exploração petrolífera e as extrações madeireira e mineira que representam uma ameaça para a subsistência de nossos povos.

 

-E o Plano Colômbia?

-Sua política de pulverizações está, supostamente, dirigida a terminar com o narcotráfico, mas, na prática, estão pulverizando territórios indígenas que não têm nada a ver com as culturas ilícitas. Esta situação está acentuando o deslocamento dos indígenas, os problemas de saúde e de segurança alimentar porque, com essas pulverizações, estão contaminando terras e rios.  

 

-Os grupos armados e o exército também atuam negativamente limitando o deslocamento dos indígenas.

-Sim! A política de “segurança democrática”, implementada por este governo, a única coisa que faz é restringir o acesso aos alimentos, o acesso ao atendimento médico e à educação. A política de militarização dos territórios indígenas faz com que as comunidades não possam caçar, nem pescar, não possam cultivar, e muitas vezes o pouco que cultivam o próprio Exército toma. A guerrilha faz a mesma coisa, come os cultivos dos indígenas. Além disso, para restringir a mobilidade também há minas antipessoais que destroçam tudo: árvores, animais, cavalos, porcos, cachorros, tigres da montanha, etc.

 

Nos últimos anos ocorreram mais de 1.200 assassinatos nos povos indígenas. O deslocamento em massa de milhares de indígenas deixa o campo livre para a exploração de nossos recursos naturais pelas transnacionais

 

 

-Você está falando de uma situação limite…

-Se não houver uma mudança, estamos condenados à extinção. Esta situação faz com que tenhamos que ir à luta para tratar de terminar com estas violações aos direitos humanos por parte do mesmo governo e sua pretensão de estigmatizar-nos como grupos terroristas.  Estamos enfrentando mortes, desaparecimentos, massacres, detenções, fome e uma constante confrontação com os mesmos atores que ocupam nossas terras, porque a militarização, neste caso, tem o caráter de ocupação e, por isso, é que estamos piores a cada dia. Nos últimos anos ocorreram mais de 1.200 assassinatos nos povos indígenas. O deslocamento em massa de milhares de indígenas deixa o campo livre para a exploração de nossos recursos naturais pelas transnacionais.

 

-Qual é a sua opinião sobre o presidente Álvaro Uribe?

-Em nossa opinião não temos mandatário. O Presidente colombiano é um gerente das empresas transnacionais. Ele deve proteger a diversidade cultural, garantir que nós continuemos o nosso processo de luta para melhorar nossas condições de vida. Não é possível continuar explorando os recursos naturais com um alto custo em vidas para nossos povos e convertendo a população da região em miseráveis.

 

Mas o Presidente não se interessa por nada. Na greve dos cortadores de cana ele disse: “Recomendo às cooperativas e aos engenhos que, por favor, não continuem explorando, não continuem escravizando os cortadores”. Pois é, isso não é uma atuação própria de um Presidente, porque ele não deve fazer recomendações, ele deve exigir que esses tipos de contratos não sejam feitos no país, porque a escravidão foi abolida há muitos anos.

 

Por isso eu digo que ele não é um Presidente, é um gerente a serviço dos empresários e das empresas transnacionais.

 

En Bogotá, Gerardo Iglesias

Rel-UITA

1 de diciembre de 2008

 

 

 

 

Fotografías: Jorge Villada, UITA Bogotá

 

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