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Eduardo Imbiriba diz que devolução demorou porque se 
ausentou de Belém 
O advogado Eduardo Imbiriba nega que esteja retendo os autos 
do processo no qual o fazendeiro Viltamiro Bastos, 
o Bida, é acusado pelo Ministério Público de 
ser o principal mandante da execução da missionária
Dorothy Stang, crime ocorrido no início de 
2006.  Bida fora condenado em 2006 a 30 anos 
de prisão, mas em maio foi absolvido no segundo 
julgamento.  No mesmo mês, o Ministério Público 
recorreu da sentença, requerendo a anulação do 
julgamento e solicitando novo Júri Popular para 
Bida. 
O promotor Edson Cardoso argumenta que a fita de vídeo 
contendo depoimentos gravados dentro do presídio de 
Americano por Amair Feijoli, o 'Tato' 
- condenado por ter contratado os pistoleiros para 
matar Dorothy Stang -, é uma farsa armada 
pela defesa do fazendeiro.  O depoimento desmente a 
primeira versão apresentada à polícia e ratificada 
no julgamento anterior, de que o fazendeiro 
encomendou o crime com a promessa de pagamento de R$ 
50 mil que seriam divididos entre Tato, 
Rayfran e Clodoaldo, os outros dois 
envolvidos na trama.  Tato também negou, na 
gravação do vídeo, que a arma e a munição do crime 
tenham sido fornecidas por Bida e que os 
pistoleiros foram mantidos na fazenda na noite do 
crime e no dia seguinte, informações que foram 
primordiais para inocentar o fazendeiro. 
Autos 
Eduardo Imbiriba 
requereu os autos da secretaria da 2ª Vara do 
Tribunal do Júri no dia 15 de julho e, segundo o 
promotor Edson Cardoso, ele teria oito dias 
para devolver o processo, apresentando as contra-razões 
do recurso impetrado pelo Ministério Público contra 
a absolvição de Bida. 
No entanto, o advogado assegura que 'não existe procrastinação' de 
sua parte e que o Ministério Público protocolou o 
recurso no período de suas férias. 
Imbiriba 
garante que se ausentou de Belém, por isso demorou a 
devolver os autos do processo.  Também assegura que 
até sexta-feira, 15, vai apresentar as contra-razões 
e devolver toda a documentação à secretaria da 2ª 
Vara, para que o juiz Raimundo Moisés Flexa 
analise o processo e envie para apreciação das 
Câmaras Criminais Reunidas do Tribunal de Justiça do 
Estado (TJE).  'Eu conversei pessoalmente com o juiz 
e ele me disse que não existe nenhum mandado de 
busca dos autos', se defende o advogado. 
Por outro lado, Imbiriba explica que vai contestar o recurso 
do Ministério Público argumentando existirem 
inúmeras outras provas que motivaram o Júri Popular 
a absolver o seu cliente, além da fita de vídeo com 
os depoimentos gravados no presídio.  Uma delas, 
segundo ele, é o fato da juíza Vara Agrária de 
Altamira, em dezembro de 2005, ter concedido a 
reintegração de posse a Bida da área de terra, 
em Anapu, que, de acordo com o Ministério Público, 
motivou o crime contra a missionária.  Dorothy 
Stang lutava pela implantação de Projetos de 
Desenvolvimento Sustentáveis (PDS) na área para 
beneficiar famílias de trabalhadores rurais.  Após 
seu assassinato, a Justiça suspendeu o mandato de 
reintegração da fazenda, devolvendo a área à União. 
Eduardo Imbiriba adiantou que, caso o TJE dê provimento ao pedido 
de anulação do julgamento de Viltamiro Bastos, 
ele recorrerá ao Superior Tribunal de Justiça e até 
ao Supremo Tribunal Federal.  'Não existe nexo na 
acusação contra o Bida.  O crime teve outra 
motivação, pois não existe ligação do Rayfran 
com a pistolagem', garante o advogado de Bida. 
Tomado de Amazonia.org 
14 de agosto de 2008   
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