Dois mil
trabalhadores rurais ocuparam a Usina Salgado, no município de Ipojuca,
Zona da Mata Sul do Estado, nessa madrugada (segunda). Essa foi a primeira
ocupação conjunta do Fórum de Organizações do Campo que aglutina a CPT,
Fetape (CONTAG), Fetraf, e MLST.
O objetivo foi protestar contra o
modelo nacional de expansão da cana-de-açúcar para produção de biocombustível e
a lentidão da Reforma Agrária no estado de Pernambuco.
A expansão da
monocultura da cana-de-açúcar com incentivos do Governo Federal para a produção
do etanol é um dos principais alvos de protesto dos trabalhadores e
trabalhadoras. A
retomada do modelo colonial de monocultura da cana para exportação não é aceita
pelos movimentos sociais que defendem a soberania alimentar e a reforma agrária.
Segundo os movimentos, este modelo só é sustentável a custa de subsídio do
governo, sonegação de impostos, de trabalho análogo ao escravo e destruição
ambiental.
As organizações
exigem a expropriação das terras da Usina como forma de pagamento das dívidas
que a mesma tem com a União.
Para sanar também a dívida que a Usina fez com os trabalhadores, por não ter
repassado os impostos retirados na fonte para o INSS, o Fórum defende que
as terras devem ser revertidas para o programa de Reforma Agrária e assentar os
antigos trabalhadores, os atuais e os posseiros dos engenhos ligados à Usina
Salgado.
No meio do ano,
as entidades elaboraram conjuntamente um diagnóstico da atual situação do campo,
que trata das condições de vida dos trabalhadores e trabalhadoras rurais da zona
da mata do estado e da morosidade do Incra nas vistorias e
desapropriações de terras para Reforma Agrária. O documento foi e entregue aos
governos Federal e Estadual e até agora nenhuma providência foi tomada. Os
movimentos investem nos protestos conjuntos para intensificar a pressão para a
realização de um novo modelo de reforma agrária em Pernambuco.
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