Os
cerca de 2800 trabalhadores rurais na Usina Cocal, de Paraguaçu
Paulista, em retomada do movimento de greve gestado há mais de um mês,
teve mais uma ação efetiva e que resultou na paralisação total das
atividades. A empresa havia demitido na semana passada 205 trabalhadores
migrantes (do Estado do Ceará) em represália a paralisação de três dias.
O objetivo era intimidar os trabalhadores locais e da região,
empregados na empresa que está em nome de Marcos Fernandes Garms,
filho do prefieto Carlos Arruda Garms (PSDB), prefeito da cidade de
Paraguaçu Paulista, região Oeste do Estado de São Paulo.
Nesta manhã de sexta-feira, 400 trabalhadores se acham
mobilizados no Centro de Apoio da Usina Cocal, onde já se concentra também e
a pedido da empresa e prefeitura significativo aparato policial para
“debelar” o movimento.
O Sindicato dos Empregados Rurais Assalariados – SER
de Paraguaçu Paulista, informa que a decretação do estado de greve e a
conseqüente paralisação segue aos ditames legais, haja vista que a decisão é
dos trabalhadores em assembléia realizada no início da semana, e durante a
qual, foi estabelecido o prazo para a melhoria da proposta salarial
patronal: até as 16:00 da quarta-feira p p
Foi publicado edital sobre essas negociações e o aviso de
greve, caso não fossem atendidas as reivindicações de reajuste do piso
salarial para R$ 557,00, bem como a remuneração de R$ 3,10 por tonelada de
cana colhida pelos trabalhadores - a título de pagamento por produção. A
empresa deixou claro que não negocia e acionou a polícia.
“Estamos preocupados porque além do poder econômico, a
empresa tem o poder político porque, segundo todo o mundo diz, o seu dono é
o prefeito. Funcionários da empresa têm dito que o governador José Serra
é sócio em alguns dos empreendimentos da família do prefeito Garms e
que, assim, não teríamos a menor chance!”, manifesta-se o presidente do
SER, Paulo Anísio.
Exemplo de influência de tais poderes é a menção de que há 15
dias e para a desobstrução da entrada da Usina Cocal na greve que resultou
na demissão dos migrantes, o oficial de Justiça do Fórum de Paraguaçu
Paulista chegou em helicóptero de propriedade do suposto ‘prefeito-usineiro’
para entregar a medida judicial!
Apesar da desigualdade de poder, os trabalhadores e
sindicalistas devem resistir e continuar com a proposta de negociação com a
empresa, mantendo-se as atividades paralisadas. “Não temos poder econômico,
nem político, nem polícia de nosso lado, mas, temos a força de trabalho de
que a empresa necessita para colocar a usina em funcionamento”, finalizou
Anisio.
A Federação dos Empregados Rurais Assalariados – FERAESP
destacou diretores e a sua estrutura, inclusive jurídica, para o
acompanhamento da movimentação da empresa, inclusive já acionando entidades
de direitos humanos nos níveis nacional e internacional.