A
cana-de-açúcar colhida em condições
precárias de trabalho dos rurais é
processada em Macatuba, pela Usina São José,
do Grupo Zilor – antigo Grupo (ou Empresas)
Zillo-Lorenzetti
Equipe de fiscais do Ministério do Trabalho
e Emprego, MTE, pelos auditores da
gerência regional em Bauru, Wilson
Bernardi e Laércio Arnica,
acompanhados dos sindicalistas Adão
Aparecido Alves e Neide Basílio,
diretores do Sindicato dos Trabalhadores
Rurais de Bariri e Damião Ramos de
Oliveira, diretor do Sindicato dos
Empregados Rurais de Itapui e Boracéia,
detectaram irregularidades cometidas contra
os trabalhadores cortadores de cana em duas
fazendas da região de Pederneiras. A cana
colhida é processada pela Usina São José,
do Grupo Zilor. Foram lavrados autos
de infração.
Quem e onde?
Na Fazenda Taquaral, localizada entre os
municípios de Pederneiras e Boracéia, e de
acordo com os auditores fiscais do MTE,
foram encontrados 360 trabalhadores dos
municípios de Macatuba, Pederneiras, Itapuí
e Boracéia, em situação irregular na relação
de trabalho. Eles trabalhavam para a Empresa
Augusto Tadeu P. Sgaviolli EPP, do Consórcio
Rural Floresta.
Já na Fazenda Santana, localizada entre os
municípios de Pederneiras e Boracéia, uma
turma de 82 trabalhadores da empresa
Nivaldo Besse e Outros, sobre a qual e
ainda conforme os relatos dos rurais aos
fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego,
foram também constatadas as irregularidades
cometidas contra os trabalhadores rurais.
Irregularidades
Dentre as mazelas cometidas contra esses
trabalhadores, conforme apuraram os
auditores fiscais do MTE está o fato
de as empresas citadas não informarem
diariamente o valor do trabalho que seria
pago pela colheita da cana.
"A gente só fica sabendo quanto que a usina
paga para nós pela tonelada de cana, só no
final de semana, depois que já cortou",
reclama um dos trabalhadores aos fiscais e
diretores dos sindicatos. Pela convenção
coletiva da categoria, o preço da cana tem
que ser informado aos trabalhadores, antes
da atividade de colheita ser iniciada.
Ainda de acordo com o relato dos
trabalhadores e constatação dos fiscais, no
recibo de pagamento de salário (holerite)
não havia a discriminação da produção, ou
seja, da quantidade de cana colhida pelo
trabalhador, que ganha, exatamente, pelo
volume colhido.
Falta de
segurança
A fiscalização do MTE encontrou o
caminhão de placa BJF 5804, de Boracéia, com
várias irregularidades e em desacordo com as
normas de segurança no trabalho, previstas
na Norma Regulamentadora 31 – (NR). O
veículo estava sem toldo e não portava mesa
e cadeiras para que os trabalhadores
pudessem realizar as suas refeições em
condições adequadas, bem como não portava a
autorização do Departamento de Estrada de
Rodagem – DER, para o transporte de
trabalhadores rurais.
Pausa para
descanso não existe
Embora esteja prevista pausa de 10 minutos
para descanso, os trabalhadores denunciaram
aos fiscais que essa necessária paralisação
não lhes era autorizada. Já aos
sindicalistas, os trabalhadores denunciaram
que quem tomasse a iniciativa de descansar,
era repreendido verbalmente – além de
receber a ameaça de dispensa.
Aquisição
complementar de ferramentas e EPI
era feita
pelos próprios trabalhadores
Outra reclamação dos trabalhadores é a de
que essas empresas fornecem apenas uma vez
por mês a ferramenta e equipamentos de
proteção individual – EPI. Em caso de
desgaste tanto no facão quanto das luvas, a
reposição era feita pelos trabalhadores, com
seus próprios recursos – uma vez que as
empresas se recusam a fornecer novos para
reposição.
Fotos mostram, em seqüência, a falta de toldo, mesas e
cadeiras para que os trabalhadores possam
procecer a sua refeição; no caminhão que os
transporta há bancos de madeira,
desconfortáveis, falta documentos do DER
que possam atestar as condições do veículo
e, por fim, holerites de pagamento que
omitem a quantidade de cana colhida pelos
trabalhadores.
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