Cresce o apoio à luta dos portadores de IRC
Boicote ao rum “Flor de Caña”
Os ataques à ANAIRC
mostram o nervosismo da
empresa
|
|
Alan Obando Angúlo |
|
|
Mónica Baltodano |
Carmen Ríos |
As
ameaças, contra a Associação Nicaraguense de Portadores de Insuficiência
Renal Crônica (ANAIRC) e seus dirigentes, parecem ter gerado
resultados contrários ao esperado pelas pessoas que orquestraram uma
campanha difamatória contra essa organização de ex-trabalhadores da
cana-de-açúcar.
Diante
desta vergonhosa investida, diferentes organizações e particulares, em
nível nacional e internacional, se interessaram pelo caso e trouxeram a
público seu apoio à luta da ANAIRC através de visitas ao
acampamento dos portadores de IRC ou expressando seu apoio na mídia
nacional e internacional.
Um dos
eixos desta estratégia é o de gerar confusão no seio da população e dos
mesmos trabalhadores canavieiros, fazendo crer que, entre os objetivos
da ANAIRC, estaria o fechamento do Engenho San Antonio e
das instalações da Companhia Licoreira da Nicarágua S.A. (CLNSA).
Nas
mais de dez cartas enviadas pela ANAIRC ao senhor Carlos
Pellas, presidente do Grupo Pellas, ficou mais do que
evidente que a única demanda, dos ex-trabalhadores canavieiros e das
viúvas desta organização, é poder sentar a uma mesa de negociações a
fim de chegar a um acordo sobre as indenizações pelos danos causados à
sua saúde.
“Já estamos a mais de 40
dias nesta luta, exigindo do senhor Carlos Pellas que dê atenção às
nossas reivindicações e respeite nosso direito a ser indenizados como
ex-trabalhadores portadores de IRC do Engenho San Antonio”
- declarou o membro do Conselho Diretor da ANAIRC, Alan
Obando Angúlo, em frente ao Edifício Pellas, onde os
ex-trabalhadores costumam protestar todas as manhãs.
Queremos esclarecer, também, que em nenhum momento dissemos que queremos
o fechamento do Engenho San Antonio e da Licoreira. Não é
uma reivindicação nossa, porque o único que queremos é sermos
indenizados. Agora –continuou Obando– aparece gente dos
sindicatos brancos da empresa, que sempre se prestaram ao jogo do
Engenho San Antonio, nos insultando e até nos ameaçando de morte,
mas jamais daremos um passo atrás, porque somos homens e mulheres de
convicção.
Vamos
permanecer sempre de forma pacífica, sem paus, nem pedras, nem armas,
usando somente nossas vozes, até que nos seja dada resposta a nossas
reivindicações. Na semana passada morreram seis companheiros e outros
três estão agonizando. Não é possível que continuem fazendo caso omisso
àquilo que estamos exigindo”, concluiu o dirigente da ANAIRC.
Cresce o apoio
Grupos
de estudantes da Universidade Nacional Autônoma da Nicarágua (UNAN
Manágua) expressaram sua solidariedade aos portadores de IRC
que estão protestando em Manágua, enquanto que, na página do Facebook,
outro grupo de jovens decidiu pressionar a Nicaragua Sugar Estates Ltd.
(NSEL), que integra o Grupo Pellas, lançando uma campanha
de boicote ao famoso rum “Flor de Caña” que está se estendendo a
diferentes países.
Outra
demonstração de apoio veio da deputada do Movimento pelo Resgate do
Sandinismo, Mónica Baltodano, que há poucos dias visitou o
acampamento da ANAIRC ocupado pelos membros desse Movimento.
“Estamos aqui para saber o porquê desta luta e nos comprometermos com
ela, assim como com todas aquelas lutas pelos direitos dos setores
excluídos pelo sistema capitalista, em busca de uma transformação do
sistema, através da unidade desses setores - disse Baltodano.
Um dos
elementos assinalados ao Sirel pela deputada foi o silêncio dos
meios de comunicação diante do protesto dos ex-trabalhadores canavieiros
da ANAIRC. "É uma luta sem cobertura dos meios porque afeta os
interesses do Grupo Pellas, e não querem correr o risco de ficar
sem anúncios publicitários. Estes são os métodos usados pelas grandes
empresas e precisamos romper este cerco de silêncio estendido pelo
Grupo Pellas", afirmou.
Diante
dos episódios de ameaças e de violência contra os dirigentes da
ANAIRC por parte dos sindicatos brancos do Engenho San Antonio,
Baltodano manifestou que esta atitude poderia estar relacionada
com “a campanha que alguns jovens haviam lançado de boicote ao rum
“Flor de Caña” e isto dói na empresa, que está reagindo
agressivamente. O comunicado contra a presidenta da ANAIRC,
Carmen Ríos, é verdadeiramente sujo e, seguramente, conta com o
apoio econômico de alguém que, possivelmente, provém desta mesma
família (Pellas). É típico dos poderosos, utilizar os setores populares
e mais necessitados para enfrentar àqueles que estão lutando.
Como
parlamentar –acrescentou Baltodano– me comprometo a participar da
reunião que a ANAIRC terá com os deputados e solicitar aos meus
colegas que os apoiem, a fim de conseguir uma aproximação com o senhor
Pellas, e que este -com a mão no coração- veja o sofrimento das
pessoas que a sua empresa afetou com sua política de exploração e a
aplicação em massa de agrotóxicos”, concluiu.
Baltodano
pediu,
também, uma maior intervenção do Estado na busca de uma solução rápida
para esta situação tão difícil que vivem os ex-trabalhadores canavieiros
e suas viúvas.
|